Bloomberg Línea — A inflação ao consumidor nos Estados Unidos registrou alta de 0,6% em janeiro, de acordo com o PCE (Índice de Gastos de Consumo Pessoal, na sigla em inglês), divulgado nesta sexta-feira (24) e o indicador mais observado pelas autoridades de política monetária do Federal Reserve. Em 12 meses, o PCE acumula alta de 5,4%, acima do mês anterior (5,3%), de acordo com os dados revisados. O núcleo do PCE, medida que desconsidera os preços mais voláteis como alimentos e energia, também subiu 0,6%.
O resultado eleva a pressão sobre o Fed e aumenta as expectativas de que a taxa de juros americana deve subir mais e ficar elevada por mais tempo. Após a divulgação os índices futuros das bolsas americanas estenderam as quedas. Às 11h15 (horário de Brasília), o S&P 500 Futuro caía 1,28%, enquanto o Nasdaq 100 tinha retração de 1,67%. O Ibovespa caía 0,42%, também refletindo o dado do IPCA-15, que mostrou uma alta de preços mais acelerada no Brasil.
Os gastos dos consumidores americanos subiram 1,8%, acima do esperado por analistas do mercado financeiro que estimavam uma alta de 1,4% em janeiro, segundo a Bloomberg. Em valores nominais, houve um aumento de US$ 312,5 bilhões em relação a dezembro. O crescimento dos gastos foi puxado principalmente por despesas com veículos e acessórios, outros bens como remédios e serviços de alimentação.
O número indica uma pressão sobre os preços nos EUA depois de dois meses seguidos de queda dos gastos com consumo, quando o PCE teve retração de 0,1% em dezembro e de 0,2% em novembro.
O dados divulgados nesta sexta-feira também mostram um aumento de 0,6% nos rendimentos totais das famílias americanas, um reflexo do mercado de trabalho aquecido. Houve alta dos salários tanto na indústria quanto nos serviços. A chamada renda disponível (valor dos rendimentos de que as famílias podem utilizar, desconsiderando impostos) teve uma alta expressiva de 2% no mês de janeiro.
Pressão sobre o Fed
O PCE é o indicador de inflação que mede a variação dos preços de bens e serviços consumidos pelas famílias americanas e, por isso, é um dos indicadores preferidos do Federal Reserve para monitorar a estabilidade da moeda.
Os dados de inflação nos Estados Unidos são acompanhados de perto por investidores, que buscam sinais sobre os próximos passos do banco central americano. Uma inflação mais elevada sugere que o Fed terá de continuar a subir os juros e manter a taxa elevada por mais tempo.
Na ata da última reunião de política monetária, divulgada na quarta-feira (22), autoridades do Federal Reserve disseram continuar antecipando que novos aumentos na taxa de juros serão necessários para reduzir a inflação para sua meta de 2%.
Segundo o documento, “quase todos” os diretores concordaram que era apropriado aumentar as taxas de juros em 25 pontos-base na última reunião, enquanto “alguns” eram a favor ou poderiam ter apoiado um aumento maior de 50 pontos-base.
-- Com informações da Bloomberg News. Atualizada às 11h15 para incluir mais informações.
Leia também
Fundos imobiliários: calote da Americanas acende alerta a investidores
Bitcoin descola de ações, sobe 50% no ano e desafia risco macro