Deutsche Bank cogitou adquirir parte dos negócios do banco Credit Suisse

Banco alemão analisou negócios individuais, como as unidades de gestão de ativos e gestão de fortunas da empresa suíça, disseram pessoas com conhecimento do assunto ouvidas pela Bloomberg

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Bloomberg — O Deutsche Bank cogitou comprar partes dos ativos do Credit Suisse (CS) no ano passado, depois que a empresa suíça foi envolvida em uma série de escândalos e golpes financeiros, segundo pessoas com conhecimento do assunto ouvidas pela Bloomberg News.

O banco alemão analisou negócios individuais, como as unidades de gestão de ativos e gestão de fortunas da empresa suíça, disseram as pessoas. O plano dentro do Deutsche Bank era poder tomar iniciativa caso partes atraentes do banco chegassem ao mercado, disseram.

O projeto está suspenso desde que o Credit Suisse anunciou uma reestruturação em outubro, embora o interesse possa ser reativado se o banco suíço considerar vender negócios novamente, disseram as pessoas.

Eles pediram para não serem identificados porque as discussões são privadas. É pelo menos a segunda vez nos últimos anos que o CEO do Deutsche Bank, Christian Sewing, faz um brainstorming sobre uma possível mudança na empresa suíça.

O planejamento do cenário do Deutsche Bank no final de 2022 ocorreu quando o Credit Suisse avaliou se desfazer de parte dos negócios no período que antecedeu o anúncio de sua nova estratégia.

Um pilar fundamental do plano é a venda de seu negócio de produtos securitizados para a empresa de investimentos Apollo, ao mesmo tempo em que divide seu negócio de mercado de capitais em uma nova empresa, embora tenha parado antes de novas vendas significativas.

Desde que assumiu o cargo no Deutsche Bank, Sewing manteve negociações oficiais de aquisição com o Commerzbank AG e informais com o UBS AG, embora as discussões tenham sido interrompidas sem um acordo.

Ele tem sido um forte defensor da consolidação bancária europeia e disse que gostaria de ser um comprador em vez de um alvo quando os negócios decolarem.

A reformulação do Credit Suisse apresentada pelo CEO Ulrich Koerner fez pouco para resolver a crise de confiança em torno do credor. As ações do banco, que perderam cerca de três quartos de seu valor nos últimos dois anos, caíram drasticamente após o anúncio.

Analistas e investidores expressaram preocupação com as enormes saídas de depósitos e com a capacidade do banco de realizar uma reforma complicada.

A administração do credor suíço “está passando por um processo muito difícil e complexo de reestruturação — embora no caminho certo com a orientação inicial — a franquia está se deteriorando muito mais rápido do que o esperado”, disseram analistas do JPMorgan liderados por Kian Abouhossein em nota nesta sexta-feira (24). Eles estimam avaliações de 10 bilhões de francos (US$ 10,7 bilhões) na unidade de gestão de patrimônio e 1,4 bilhão de francos na gestão de ativos.

O valor de mercado do banco suíço agora é menos da metade do valor do Deutsche Bank, que acaba de concluir uma recuperação bem-sucedida. O credor alemão relatou recentemente o maior lucro anual em mais de uma década e prometeu vários bilhões de euros em pagamentos aos investidores nos próximos anos.

O presidente do Conselho de Supervisão do Credit Suisse, Axel Lehmann, disse que o credor suíço não está à venda.

O Deutsche Bank está buscando aumentar suas unidades de gestão de patrimônio e gestão de ativos, e comprar o Credit Suisse ou partes dele daria um grande impulso a ambos.

As operações de gestão de patrimônio do banco suíço, em particular, são muito maiores, embora seja improvável que o banco suíço esteja interessado em vender um negócio que está no centro de sua estratégia.

Embora Sewing tenha repetidamente anunciado aquisições como uma forma de crescer, ele alertou que é muito difícil fechar um negócio internacional, especialmente um grande, dentro dos limites da regulamentação europeia.

O CEO também desconfia de grandes negócios porque o Deutsche Bank ainda está trabalhando para concluir a confusa aquisição do concorrente doméstico Postbank há mais de uma década.

O acordo gerou bilhões de euros em gastos inesperados e amarrou vastos recursos de pessoal, criando uma irritação constante para Sewing desde que ele dirigia a unidade de clientes de varejo, oito anos atrás.

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