Mineradora Rio Tinto entra na disputa com montadoras por reservas de lítio

Empresa está disposta a abrir mão do foco em resultado imediato, mas aponta que não pagará qualquer preço pelo insumo usado em baterias de carros elétricos

SUV Audi Q4 e-tron: crescimento do mercado de carros elétricos estimula o investimento em toda a cadeia produtiva (Stefan Wermuth/Bloomberg)
Por Thomas Biesheuvel - James Fernyhough
22 de Fevereiro, 2023 | 01:42 PM

Bloomberg — A Rio Tinto (RIO), mineradora que é uma das empresas mais rentáveis do mundo, enfrenta uma dura batalha para expandir sua atuação no crescente mercado de lítio, tendo algumas das maiores montadoras de automóveis do mundo dispostas a pagar um preço desafiador por esses ativos.

O lítio é o objetivo número um da Rio Tinto em seus negócios, mas ela lida com um cenário em que empresas do porte da Tesla (TSLA) estariam dispostas a fazer a um grande investimento pela commodity, classificada hoje pelo diretor-executivo da mineradora, Jakob Stausholm, como “muito cara”.

Segundo informações obtidas pela Bloomberg News na semana passada, a Tesla está avaliando a aquisição da mineradora Sigma Lithium (SGML). No entanto, com um valor de mercado de US$ 3,6 bilhões, a Rio Tinto não estaria interessada nessa disputa, segundo fonte consultada pela Bloomberg News.

Para a Rio Tinto, esse é um cenário que remonta a decisões tomadas no passado.

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Após dois negócios desastrosos que quase afundaram a empresa há uma década, a mineradora anglo-australiana passou a adotar uma estratégia mais conservadora, com foco na geração de lucros recorde em vez de investir em expansão ou diversificação de negócios.

No entanto essa abordagem conservadora levou a empresa a perder uma série de oportunidades nos últimos cinco anos, em segmentos variados, do cobre ao lítio, já que empresas chinesas estavam dispostas a pagar mais pelos ativos.

Essa estratégia gerou críticas ao novo presidente da companhia, Dominic Barton, que afirmou que a relutância em fazer fusões e aquisições tinha um custo.

A Rio Tinto está ansiosa para crescer no mercado de lítio, um metal chave para a produção de baterias para veículos elétricos.

Até agora, a mineradora comprou uma mina de lítio na Argentina por US$ 825 milhões, mas os planos para seu principal projeto, o Jadar, na Sérvia, foram frustrados no ano passado, quando o governo bloqueou o desenvolvimento após milhares de manifestantes terem saído às ruas contra a exploração do minério.

Isso deixou a empresa em busca de aquisições na área, pedindo aos maiores bancos de investimento propostas por minas de lítio. Os ativos encontrados até agora estão com preços altos.

Ainda assim, Stausholm disse acreditar na oportunidade de trabalhar com as montadoras. “O que a montadora quer é lítio, mas é preciso também a competência de ser minerador”, disse o CEO em uma entrevista à Bloomberg TV. “Talvez haja algo que possa ser feito em conjunto.”

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O diretor-financeiro da Rio Tinto, Peter Cunningham, disse em uma entrevista na quarta-feira (22) que a empresa deve permanecer disciplinada em suas estratégias financeiras. “Continuaremos procurando até encontrarmos as oportunidades em que vemos o valor. Se não conseguirmos, não investiremos.”

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