Opinión - Bloomberg

Turismo cresce no mundo mesmo com os preços de passagens e hotéis nas alturas

Apesar do custos mais elevados, a inflação ainda não está acabando com as férias; os viajantes estão buscando destinos mais próximos de onde moram ou países com preços mais acessíveis

Viagens estão ficando mais curtas e mais próximas de casa
Tempo de leitura: 5 minutos

Bloomberg Opinion — Os consumidores de ambos os lados do Atlântico estão sofrendo com os grandes aumentos de preços de itens essenciais. No entanto, eles ainda gastam com férias luxuosas.

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Um exemplo são os turistas britânicos. Muitos estão indo esquiar ou indo para lugares com climas mais ensolarados. Isso é ótimo para o setor de viagens, mas não tão bom para as lojas e restaurantes locais que competem pelo mesmo dinheiro.

Companhias aéreas, hotéis e operadores turísticos foram devastados pela pandemia, mas como as restrições diminuíram, a demanda – e os preços – aumentaram.

A TUI, a maior operadora de pacotes turísticos do mundo, disse no dia 14 que as reservas para o período do verão no Hemisfério Norte foram 20% maiores do que há um ano, sendo que as reservas nas últimas quatro semanas ficaram 50% acima dos níveis de 2022 e 10% acima dos níveis pré-pandemia.

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Excluindo as reservas que haviam sido adiadas durante a pandemia para 2022, os preços estão 6% mais altos para o verão em comparação com o ano passado. Em geral, as reservas para a temporada de verão continuam 11% abaixo dos valores de 2019, mas ainda há tempo para compensar esse déficit. Já os preços estão 24% acima dos valores de 2019.

As perspectivas também são otimistas para as companhias aéreas EasyJet e Ryanair. No dia 13, o Aeroporto de Heathrow disse que teve o início de ano mais movimentado desde 2020. Os hotéis também estão se beneficiando, com o Hilton e o Marriott (MAR) relatando lucros mais altos que o esperado no quarto trimestre. E as reservas de aluguel de curto prazo na Europa entre fevereiro e julho estão 24,4% acima dos níveis de 2022 e 32,6% acima dos níveis de 2019, segundo a AirDNA, que monitora o mercado.

Reservas de curto prazo em comparação com 2022 e 2019

Os ganhos iniciais são um bom sinal para a temporada de férias no meio do ano, quando as operadoras de turismo e as companhias aéreas obtêm a maior parte de seus lucros. Preços de passagens e diárias mais altas significam que as empresas podem cobrir seus próprios custos elevados, incluindo despesas de combustível e mão de obra.

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Tarifas mais altas de passagens e quartos significam que as empresas podem cobrir seus próprios custos elevados, incluindo despesas de combustível e mão de obra. E parece que as férias continuam sendo uma prioridade – mesmo no Reino Unido, que vem lutando contra uma crise de custo de vida.

É claro que há riscos nesse panorama. O primeiro é que os consumidores acabem controlando suas compras de viagem à medida que seu desejo inicial for atendido e suas economias acabarem. De fato, embora a média de gastos ainda esteja em alta em comparação com 2022, Thomas Cook, agora agente de viagens online, está vendo alguns sinais de que as pessoas estão fazendo escolhas mais econômicas.

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Por exemplo, cerca de 80% de seus negócios são realizados em hotéis de quatro e cinco estrelas. Este ano, uma proporção maior de reservas foi feita em acomodações quatro estrelas. Da mesma forma, demanda desta vez foi maior por viagens de quatro a cinco dias. Estas podem ser férias menores, mas também é possível que estejam substituindo as férias mais caras em resorts de alto padrão. E os viajantes começaram a procurar locais mais acessíveis, como Lanzarote nas Ilhas Canárias, que tende a ser um local mais barato do que Tenerife. O Egito e Marrocos também estão bastante visados.

O panorama na Trivago (TRVG) é semelhante. A especialista em reservas de quartos online disse recentemente que percebeu que as pessoas estavam favorecendo hotéis mais acessíveis e viagens mais curtas. Os clientes também estão mostrando mais interesse em opções de preços mais baixos do que em 2019.

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A TUI disse que a tendência do ano passado de acrescentar mais um dia de férias continuou. Mas alguns clientes, com um orçamento mais limitado, estavam escolhendo o Mediterrâneo ou o Egito em vez de outros destinos onde os preços mais subiram.

O segundo risco é que alguns viajantes podem se lembrar das temperaturas quentes em toda a Europa no ano passado e pensar duas vezes antes de se comprometer com uma viagem de verão. Por que viajar para alguma praia distante quando, em vez disso, você poderia dirigir por algumas horas? Com os problemas nos aeroportos a partir de 2022, férias em lugares mais perto de casa podem ficar ainda mais atrativos.

Os viajantes estão de fato fazendo reservas mais perto do momento de sua viagem. Por exemplo, os meses mais populares de Thomas Cook no momento são abril e maio. Isso deixa bastante espaço para os consumidores pensarem por causa de custos muito mais altos ou de uma perda inesperada de emprego.

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Mas estas preocupações podem ser de curta duração. Há sinais em ambos os lados do Atlântico de que a inflação está chegando ao auge. Se isso continuar e os salários continuarem aumentando enquanto os empregos permanecerem sólidos, então o apetite por viagens deve continuar, ou até se intensificar.

Ações do setor de lazer da Europa

De fato, a Destination Analysts, que monitora turistas dos EUA, constatou que a animação dos americanos para viajar é a maior nos últimos três anos. Menos americanos estão ficando desanimados com os altos preços das viagens ou o ambiente inflacionário em geral. Isso sugere que, se os orçamentos domésticos se recuperarem no segundo semestre deste ano, então qualquer renda extra pode muito bem ser destinada a férias.

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Isso é uma faca de dois gumes para a economia de consumo em geral. Enquanto as viagens incentivam gastos com um novo biquíni ou bronzeador, elas absorve o dinheiro que teria sido gasto em um carro, sofá ou reforma da casa.

Mas as lojas que vendem itens grandes e caros terão que se contentar com isso. Mesmo com a tensão nas carteiras dos consumidores, parece que eles ainda não desistiram de viajar.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Andrea Felsted é colunista da Bloomberg Opinion e escreve sobre os setores de varejo e bens de consumo. Anteriormente, escrevia para o Financial Times.

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