Bloomberg — O presidente Vladimir Putin prometeu continuar com sua invasão da Ucrânia até que os objetivos da Rússia sejam alcançados e ameaçou uma reação se os Estados Unidos e seus aliados fornecerem ao governo de Kiev mísseis de longo alcance.
“Cumpriremos as tarefas definidas passo a passo, com cuidado e consistência”, porque a Rússia está lutando por suas “terras históricas” na Ucrânia, disse Putin ao parlamento russo e altos funcionários em Moscou nesta terça-feira (21).
“Uma coisa deve ficar clara para todos – quanto mais sistemas ocidentais de longo alcance chegarem à Ucrânia, mais seremos forçados a afastar a ameaça de nossas fronteiras. É óbvio.”
Putin fez seu primeiro discurso sobre o estado da nação em quase dois anos quando a guerra da Rússia na Ucrânia se aproxima da marca de um ano, em 24 de fevereiro. Ele falou no aniversário de sua decisão de reconhecer separatistas apoiados pela Rússia em Donetsk, na Ucrânia, e Luhansk, cuja defesa ele tem justificado para montar a invasão em grande escala.
Apesar da expectativa, o discurso cobriu principalmente os esforços habituais de Putin, transferindo a culpa pelo conflito para os EUA e seus aliados.
Os aliados americanos e europeus da Ucrânia querem “transformar um conflito local em uma fase de confronto global”, disse Putin em um discurso repetidamente interrompido por aplausos. “Entendemos isso e responderemos de acordo porque, neste caso, estamos falando sobre a existência de nosso país.”
Grande parte do discurso concentrou-se em questões domésticas. Ele ofereceu novos benefícios para os veteranos e suas famílias, bem como para os trabalhadores da defesa.
Tendo falhado com os planos iniciais de tomar a capital da Ucrânia, Kiev, em poucos dias, os militares da Rússia sofreram repetidas derrotas e baixas massivas nas mãos das forças ucranianas apoiadas por suprimentos de armas dos EUA e da Europa.
Putin fez seu discurso um dia depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, fez uma visita surpresa a Kiev para enfatizar o contínuo apoio americano à Ucrânia.
O líder do Kremlin também anunciou a suspensão da participação da Rússia no acordo de controle de armas nucleares vigente, o Novo Start, desferindo um golpe no último acordo com os EUA que limita seus arsenais estratégicos.
Além disso, disse que a Rússia não permitirá que os EUA nem a OTAN inspecionem suas instalações nucleares, embora não seja a primeira a retomar os testes de suas armas atômicas, disse Putin.
O tratado, que foi prorrogado em 2021 e deve expirar em 2026, prevê que tanto EUA quanto Rússia mantenham até 1.600 ogivas do tipo estratégico, isto é, aquelas destinadas a arrasar cidades e acabar com guerras, em prontidão.
Enquanto intensas batalhas de desgaste acontecem nas regiões do leste da Ucrânia, sem que nenhum dos lados faça muito progresso por meses, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, apelou em uma conferência de segurança em Munique no fim de semana para os EUA e seus aliados acelerarem as entregas de armas para ajudar a combater um ataque russo, além de lançar ofensiva e permitir que suas forças tomem a iniciativa na luta.
“O Ocidente embarcou em uma batalha militar, de informação e econômica contra nós, mas eles não conseguiram e não conseguirão nada”, disse Putin.
O líder do Kremlin minimizou as crescentes baixas russas e está preparando o país e sua economia para uma longa guerra.
Ele convocou 300.000 soldados em uma mobilização parcial em setembro e tentou convencer os russos de que seu ataque não provocado à Ucrânia é uma luta existencial com o “Ocidente coletivo” pela sobrevivência de seu país, comparando-o repetidamente à vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial.
Embora tenha dito no início de sua invasão que “não é nosso plano ocupar o território ucraniano”, Putin assinou uma ordem declarando a anexação de quatro regiões do leste e sul da Ucrânia em setembro que suas tropas não controlavam totalmente.
A Ucrânia retomou o controle de parte desse território, incluindo a cidade de Kherson, no sul, em novembro, a única capital regional ocupada pelas forças russas.
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