Bloomberg — O Chile está recuperando a posição de país mais seguro para investimentos na América Latina, embora apenas em parte por mérito próprio.
O risco-país do Chile caiu para seu nível mais baixo em oito meses e agora é significativamente menor do que o do Peru e do Panamá, apenas dois meses depois que os três países disputaram o cobiçado primeiro lugar.
Embora o Chile tenha melhorado seu clima de investimentos com a rejeição de uma nova Constituição radical, os conflitos internos enfrentados por seus pares tornam mais marcante sua relativa estabilidade.
O Peru está lutando para sair de uma crise política com protestos que paralisaram grande parte do país, enquanto uma disputa fiscal no Panamá ameaça interromper a produção em sua maior mina de cobre, abrindo um precedente perigoso para os investidores. Como resultado, o Chile novamente parece uma boa casa em um bairro ruim.
Durante a maior parte do segundo semestre de 2022, os swaps de default de crédito, ou CDSs, indicaram que um default era mais provável no Chile do que no Peru, ou mesmo ocasionalmente no Panamá. No entanto, desde meados de dezembro, o spread do CDS do Chile com seus pares regionais vem se ampliando, voltando a níveis históricos.
Nova Carta
A mudança reflete, em parte, um melhor clima de investimento no Chile. O spread dos títulos soberanos em dólares do país diminuiu 58 pontos base em relação aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos desde que o primeiro rascunho de uma nova Constituição foi rejeitado em um plebiscito em 4 de setembro. O resultado configura o melhor desempenho de qualquer soberano de mercado emergente em sua categoria de classificação.
Desde que a ideia de redigir uma nova constituição foi rejeitada, os partidos políticos tradicionais retomaram o controle do processo. O próximo rascunho será escrito sob a égide de algum instituto de pesquisa escolhido pelo Congresso e dominado por professores de direito.
Isso tranquilizou os investidores, que acreditam que a próxima reforma da Carta será menos ambiciosa e mais bem pensada do que a primeira.
Ao mesmo tempo, não é difícil para o Chile parecer relativamente bem. O governo do México está cortando fundos para o órgão que supervisiona as eleições, enquanto a Colômbia se voltou para a esquerda, a Argentina está à beira de outra crise com a aproximação das eleições e, no Brasil, os apoiadores do ex-presidente pediram um golpe de estado e invadiram a sede dos três Poderes.
“Embora as preocupações com o Chile tenham diminuído, esse não é o caso de outras economias da região, como o Peru, com protestos constantes, e a Colômbia, com o ruído do Petro”, disse Juan Prada, estrategista do Barclays, referindo-se ao novo presidente da Colômbia.
Olhando para o norte
As perspectivas econômicas do Chile também estão começando a melhorar, já que a reabertura pós-pandemia da China e uma recuperação nos preços do cobre – de longe a principal exportação do Chile – deram um impulso ao peso e ajudaram a conter a inflação.
Além disso, o Chile registrou um superávit orçamentário no ano passado pela primeira vez em uma década.
“A gestão ordeira das finanças durante 2022, a rejeição de uma nova Constituição mais radical e um governo de esquerda que até agora manteve políticas muito populistas à margem, contribuíram para melhorar a confiança no Chile”, disse Klaus Kaempfe, diretor regional de soluções de portfólio da Credicorp Capital.
A confiança no Chile também se reflete no peso, que está em seu nível mais forte desde abril de 2022 e é a moeda dos mercados emergentes com melhor desempenho este ano, valorizando 7,5%.
No entanto, apesar dos recentes desenvolvimentos positivos na saga da Constituição do Chile, o processo ainda não terminou, enquanto as principais reformas, incluindo a tributária, estão sendo debatidas no Congresso, escreveu Andrés Abadía, economista-chefe para a América Latina do Pantheon Macroeconomics, em nota.
“Esses fatores, juntamente com a recente alta do peso, deixaram a moeda vulnerável, principalmente a fortes movimentos do dólar”, disse ele.
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