Depois do México, Israel também surpreende ao subir os juros acima do esperado

Banco central israelense elevou sua taxa de referência para 4,25% ao ano, um aumento de 0,5 ponto porcentual; a maioria dos analistas esperava alta de 0,25 ponto

O comitê monetário não sinalizou o fim do ciclo de aperto
Por Paul Abelsky
20 de Fevereiro, 2023 | 01:58 PM

Bloomberg — Israel estendeu seu ciclo mais longo de aperto monetário em décadas, superando o aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos pela primeira vez desde que começou a aumentar os custos de empréstimos em abril do ano passado.

O banco central do país elevou sua taxa de juros de referência nesta segunda-feira (20) para 4,25% ao ano, em um aumento de 0,5 ponto porcentual. A subida surpreendeu o mercado. A maioria dos economistas consultados pela Bloomberg esperava um aumento de 0,25 percentual, igualando o último movimento do Fed.

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A inflação persistente e acima do esperado tem feito os bancos centrais a manter o aperto nos juros. No último dia 9 de fevereiro, o México surpreendeu o mercado ao elevar os juros em 0,5 ponto porcentual para 11% ao ano, ante a previsão de 0,25 ponto por analistas do mercado financeiro.

O comitê monetário não sinalizou o fim do ciclo de aperto, dizendo apenas que havia “decidido continuar o processo de aumento da taxa de juros” com a oitava alta consecutiva. O shekel negociou 0,4% mais fraco em relação ao dólar após o anúncio.

Com os custos de empréstimos já no nível mais alto desde 2008, o Banco de Israel agora está enfrentando uma aceleração surpreendente da inflação e do crescimento econômico. A alta se soma a um período de turbulência política que ajudou a tornar o shekel a moeda com pior desempenho no Oriente Médio neste mês, depois da libra libanesa.

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O Banco de Israel começou a aumentar os custos dos empréstimos em incrementos menores a partir de novembro, mesmo com a inflação mostrando poucos sinais de desaceleração. O governador Amir Yaron sinalizou que os formuladores de políticas “estão determinados” a trazer o crescimento dos preços de volta à faixa-alvo e espera que uma desaceleração ocorra depois de fevereiro.

Os ganhos de preços, acima da meta oficial de 1% a 3% por mais de um ano, aceleraram inesperadamente para 5,4% anuais no mês passado.

Os custos mais altos de energia para as famílias, juntamente à inflação imobiliária, estavam entre os maiores impulsionadores dos aumentos de preços em janeiro.

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‘Período prolongado’

“O alto CPI em janeiro fortalece nossa avaliação de que as taxas de juros aumentarão acima do nível de 4% e permanecerão altas por um longo período de tempo”, disseram economistas do Bank Hapoalim, o segundo maior credor de Israel, em uma nota de pesquisa antes do anúncio. “A apreensão quanto ao impacto negativo nos mutuários é o único fator que pode moderar a subida das taxas de juro.”

A expectativa do mercado é de mais aperto monetário à frente. Os swaps cambiais de um ano de Israel indicam que os investidores veem a taxa básica subindo para cerca de 4,5% daqui a um ano.

Embora se espere uma moderação nos próximos meses, a inflação também está sob pressão do shekel, cuja força já foi um fator chave na contenção dos preços ao consumidor. Ele caiu cerca de 3% em relação ao dólar até agora em fevereiro.

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Intimamente correlacionada com o desempenho das ações dos EUA, a moeda israelense perdeu quase 12% no ano passado em relação ao dólar, em seu pior desempenho desde 1998. A reação política contra os planos do governo de remodelar o judiciário também se tornou um fator, alimentando uma depreciação que torna importados mais caros.

“Depois de um período prolongado de fraqueza, a taxa de câmbio está passando de uma queda na inflação em 2022 para um aumento da inflação neste ano”, disseram Tadas Gedminas e Kevin Dal, economistas do Goldman. “Será muito mais difícil para o Banco de Israel trazer a inflação de volta à sua meta se a fraqueza cambial persistir.”

--Com a ajuda de Harumi Ichikura e Alisa Odenheimer, e com informações da Bloomberg Línea

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