Bloomberg — O Rio de Janeiro receberá cerca de cinco milhões de foliões em suas comemorações de carnaval neste fim de semana, sinalizando um retorno à normalidade da atividade econômica para o Brasil após dois anos de covid-19 suspender as comemorações.
Maior evento do calendário cultural anual do país, as festividades do Rio foram canceladas em 2021 e realizadas apenas de forma limitada no ano passado, pois o vírus ainda estava sendo controlado.
As festividades lotadas deste ano serão uma oportunidade para impulsionar a economia do principal destino turístico do Brasil e ajudar a reconstruir a marca internacional do país, que ainda passa por dificuldades após a pandemia, segundo o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
“Dois anos atrás, pensei que nunca mais seria capaz de entregar o carnaval”, disse ele em entrevista na prefeitura na sexta-feira (17), enquanto artistas sobre pernas de pau percorriam a área de recepção e uma fanfarra se preparava para começar a tocar samba.
Minutos antes, Paes entregou as chaves da cidade ao Rei Momo em uma tradição que marca o início oficial do Carnaval, que acontece de sexta até 22 de fevereiro.
Para Paes, um aliado próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a festa anual também é uma oportunidade de se distanciar do legado socialmente conservador do ex-presidente Jair Bolsonaro, que notoriamente não gostava de carnaval apesar de ter passado a maior parte de sua carreira política na cidade.
“Precisamos comemorar o que aconteceu com o Brasil no ano passado, nas eleições passadas. A força do país para seguir em frente”, disse Paes, 53 anos.
Desde que assumiu o cargo em 1º de janeiro, Lula declarou que “o Brasil está de volta“, com o país buscando retomar seu lugar no cenário mundial. Paes diz que os dias de ruidosas festas de rua e deslumbrantes desfiles de escolas de samba não apenas impulsionarão a economia do Rio, mas também construirão a marca internacional do Brasil.
Durante a última década, “passamos por todas as crises possíveis que poderíamos ter tido no Brasil”, disse o político de fala rápida, que tem mais de 700.000 seguidores no Twitter.
Paes sabe alguma coisa sobre altos e baixos. Seus dois primeiros mandatos como prefeito (2009-2016) abrangeram os anos de disparada, quando o país ainda vivia uma bonança de commodities e bilhões de dólares em investimentos despejados em sua cidade antes da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada dois anos depois.
Mas o hype e os altos preços dos imóveis caíram no final dos jogos de 2016, uma presidente sofreu impeachment e uma investigação de corrupção envolveu os principais líderes políticos e empresariais.
Depois de uma candidatura para governador malsucedida, Paes voltou ao cargo em 2021, assumindo uma cidade que estava entre as mais atingidas pela covid no Brasil. A pandemia acentuou muitos dos problemas de longa data do Rio: falta de moradia e crime são abundantes, e os serviços são precários em grandes partes da cidade.
Em seu terceiro mandato, Paes está tentando revitalizar o centro da cidade, oferecendo créditos e incentivos para que os desenvolvedores reaproveitem propriedades ou construam condomínios na área. Grande parte do centro da cidade está desocupada — uma estimativa coloca a vacância comercial em 36%.
Com as festividades próximas, Paes está otimista de que será capaz de melhorar a capital do turismo do Brasil sob o novo governo e, por sua vez, ajudar o resto do país a crescer.
“Lula entende que se as coisas vão bem no Rio, as coisas vão bem no Brasil”, disse.
-- Com a ajuda de Beatriz Reis
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