Bloomberg Línea — O Banco Safra reconheceu, em seu resultado financeiro do quarto trimestre, uma provisão de 50% sobre a exposição de R$ 2,4 bilhões referente à dívida que tem a receber da Americanas (AMER3). A empresa varejista entrou em recuperação judicial há cerca de um mês, em 19 de janeiro.
Sem citar nominalmente a varejista, o Safra disse apenas que o “evento subsequente” está relacionado a um “caso específico de empresa de grande porte que entrou em recuperação judicial”, a exemplo das menções genéricas de outros bancos credores em seus balanços nas últimas duas semanas.
O valor do crédito do Safra com a varejista coincide com o citado na última lista de credores divulgada pela Americanas, no último dia 10.
Veja quanto da dívida com a varejista outros bancos provisionaram o calote da Americanas:
- Santander (SANB11): 30%
- Itaú (ITUB4): 100%
- Bradesco (BBDC4): 100%
- Banco do Brasil (BBAS3): 50%
- BTG Pactual (BPAC11): 63%
- Banco ABC (ABCB4): 30%
- Banco Daycoval (capital fechado): 50%
No comunicado sobre o balanço, publicado em seu site nesta sexta-feira (17), o Safra divulgou um lucro de R$ 2,203 bilhões em 2022 (praticamente estável em relação aos R$ 2,191 de 2021), um crescimento de 12% de sua carteira de crédito expandida e de 13,7% nas captações.
O banco destacou ainda a ampliação de sua base de clientes, que superou a marca de 4 milhões, incluindo pessoas físicas e jurídicas, e informou ter crescido em todos os negócios, no ano passado, com uma estratégia de diversificação de receitas.
“Fizemos ao longo de 2022 investimentos significativos em Capex voltados para a Safrapay e meios digitais, os quais acreditamos que trarão expressivas contribuições para os futuros resultados do banco”, informou Silvio de Carvalho, CEO do Safra.
O banco também disse que tem o menor índice de inadimplência entre os grandes bancos: 0,9% da carteira de crédito expandida para atrasos acima de 90 dias, ainda que esse percentual seja maior do que o registrado em dezembro de 2021 (0,6%).
“Esse desempenho é fundamentado na abordagem conservadora em todo o ciclo de crédito, da cuidadosa concessão ao atencioso monitoramento e ágil retomada”, disse o CEO.
O Safra encerrou 2022 com ativos de R$ 268,3 bilhões (acima dos R$ 254,8 bilhões de 2021) e patrimônio líquido de R$ 18,2 bilhões (acima dos R$ 15 bilhões de 2021).
Para suportar a estratégia de expansão, os acionistas aprovaram, em novembro último, um aporte de capital de R$ 7,4 bilhões, que implicará em um patrimônio líquido de R$ 24 bilhões após a sua total integralização.
Naquele mês, o Safra anunciou um acordo de compra do conglomerado financeiro Alfa e a incorporação das operações de administração e gestão de recursos do Crédit Agricola DTVM.
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