Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) anunciou na noite desta sexta-feira (17) que o novo CEO Jean Paul Prates indicou Sergio Caetano Leite para o cargo de Diretor Executivo Financeiro (CFO) e de Relacionamento com Investidores. A companhia também anunciou a indicação de Clarice Coppetti como Diretora Executiva de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade.
Apesar da formação técnica de Leite para o cargo, o mercado divergiu em uma primeira avaliação sobre seu histórico de atuação, de fato e na prática, no setor de petróleo e gás.
O cargo de Leite era o mais esperado na diretoria por analistas e investidores, depois do CEO, porque em tese apontará as diretrizes para o pagamento de dividendos e para a alocação de capital.
Segundo fato relevante, Leite é mestre em Economia e Gestão, administrador de carteiras e fundos de investimentos certificado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), “com experiência internacional na área de investment banking e fusões e aquisições no Brasil e no exterior”.
De acordo com a estatal, o executivo atuou por mais de 15 anos no setor de petróleo como consultor financeiro e no mercado de capitais na gestão de fundos e administração fiduciária, atendendo fundos institucionais e estruturados.
Recentemente, ele atuou como subsecretário do Consórcio Nordeste, responsável pelas Câmaras Temáticas de Saneamento, de Energias (Energias Renováveis, Petróleo e Gás), e de Infraestrutura e Investimentos.
Leite coordenou ainda a plataforma de investimentos do consórcio, estruturando mais de R$ 2 bilhões em financiamentos para os estados membros nos últimos três anos, acrescenta a companhia.
Segundo o analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, até o momento todas as indicações à diretoria da Petrobras são de pessoas técnicas. “Nos parece que a indicação vai na mesma linha de outros diretores anunciados.”
Arbetman disse que o cargo de Leite é chave na decisão da política de dividendos de qualquer companhia. “A figura do CFO é fundamental, então é natural que ele seja o braço direito do CEO.”
O futuro CFO da Petrobras foi diretor na consultoria de Prates no início dos anos 2000. “É cedo para sabermos qual será a postura de Leite à frente do cargo, mas é fundamental que CFO e CEO falem a mesma língua”, avaliou Arbetman.
Mas, apesar do histórico no mercado financeiro e no setor de petróleo e gás relatado no fato relevante, fontes ouvidas pela Bloomberg Línea disseram desconhecer a bagagem de Leite.
“[Leite] não é do setor [de petróleo]. Terá que ‘suar bastante a camisa’ para chegar próximo ao patamar do atual CFO”, disse um executivo próximo à petroleira, que falou sob condição de anonimato. Leite deve substituir Rodrigo Araújo Alves, que ocupa o cargo atualmente.
Outra fonte do setor, que também falou sob condição de anonimato, desconhece o histórico de atuação do indicado. “O Prates está colocando a turma em que ele confia. Só nos resta torcer para que dê certo.”
Sustentabilidade e transição energética
Coppetti é graduada em Ciências Contábeis e em Ciências Econômicas. Foi diretora comercial da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (PROCERGS), vice-presidente de Tecnologia da Informação da CAIXA, entre outros cargos.
A petroleira afirmou que as indicações serão submetidas aos procedimentos internos de governança corporativa e, posteriormente, para deliberação do Conselho de Administração.
Arbetman observa que outra indicação aguardada pelo mercado é da diretoria de governança, hoje ocupada por Salvador Dahan. “Esse é um cargo importante, que tem relação com os processos da companhia. Acredito que deva ser o último grande teste na composição da diretoria da Petrobras”, avaliou.
Outra expectativa do mercado gira em torno da possível criação de uma diretoria de transição energética, cujo nome cotado para o cargo é de Mauricio Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), autarquia de planejamento do setor.
“Deve haver uma grande disputa por essa diretoria, pois vai carregar muita visibilidade e tende a ter orçamentos robustos. Não me surpreenderia se Tolmasquim não fosse o escolhido ao fim do processo”, disse uma fonte do setor, que preferiu falar sob condição de anonimato.
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