Americanas: nova disputa judicial envolve abrir exceção no pagamento a credores

Varejista pede para pagar antes funcionários e pequenos fornecedores; Bradesco contesta pagamento antes de aprovação de plano de recuperação, diz jornal

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Bloomberg Línea — O juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, recebeu um pedido de liberação de R$ 192,4 milhões da Americanas (AMER3), feito pelo administrador judicial da empresa, para o pagamento antecipado de dívidas com funcionários e pequenos fornecedores, segundo informações da assessoria do Tribunal de Justiça fluminense.

O Bradesco (BBDC4), um dos bancos credores da companhia, decidiu contestar a solicitação de prioridade no pagamento a esses dois grupos, segundo o Globo.

Banco com maior exposição (R$ 4,9 bilhões) ao calote da Americanas, o Bradesco informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai comentar a notícia.

Caso o pedido seja deferido (aprovado), a antecipação do pagamento favorece “todos credores da Classe I, formados por titulares de créditos trabalhistas, e os fornecedores da Classe IV, enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte”.

Segundo a proposta, o pagamento aos credores das duas classes deverá ser efetuado de forma imediata, a partir dos recursos obtidos e a serem obtidos com o financiamento DIP (debtor-in-possession, modalidade de empréstimo-ponte para empresas com problemas) já autorizado na recuperação judicial no valor de até R$ 2 bilhões.

A proposta apresentada na 4ª Vara Empresarial foi formulada na reunião realizada na manhã da última quinta-feira (16) entre os representantes da administração judicial e da Americanas, informou a assessoria do TJ fluminense.

“A ideia é manter as condições originais de pagamento dos credores alocados nas classes I e IV da Recuperação Judicial, viabilizando, assim, o pagamento imediato de tais créditos. Na ocasião, o Grupo Americanas assumiu o compromisso de refletir a manutenção das condições originais de pagamento desses credores no plano de recuperação judicial a ser apresentado”, disse o TJ.

Segundo o comunicado, o magistrado avaliou que “a proposta protege tanto os credores trabalhistas, quanto os pequenos fornecedores do Grupo Americanas, que não podem ter sua saúde financeira e sobrevivência em risco em razão do processamento de Recuperação Judicial em curso”.

O Bradesco pediu à Justiça que rejeite a proposta e vete o pagamento a qualquer credor antes da aprovação do plano, informou o blog do colunista Lauro Jardim, de O Globo, nesta sexta-feira.

A Americanas tem um dívida superior a R$ 42 bilhões com mais de 9,5 mil credores, segundo uma lista atualizada no último dia 10. Considerando os cinco maiores bancos do país, a dívida da varejista soma R$ 15,2 bilhões.

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