China alerta sobre tensões crescentes com EUA e impõe sanções

Porta-voz do governo chinês diz que Washington precisa “lidar adequadamente com este inesperado e isolado incidente” e colocar a relação novamente nos trilhos

Porta-voz mencionou "contramedidas" sobre o episódio do balão e hoje comunicou a sanção e multa a duas empresas de defesa dos EUA
Por Bloomberg News
16 de Fevereiro, 2023 | 12:52 PM

Bloomberg — A China questionou se os Estados Unidos realmente querem reparar os laços entre os dois países. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse que o episódio do balão está servindo para “testar a sinceridade e a capacidade dos EUA de lidar adequadamente com crises e estabilizar as relações com a China.” O país asiático anunciou sanção e multa a duas empresas norte-americanas do setor de defesa, citando colaboração com Taiwan.

A relação entre as duas nações ficou estremecida após a disputa envolvendo um balão, justamente quando os principais diplomatas das duas nações, Antony Blinken e Wang Yi, se dirigem para uma conferência de segurança na Alemanha, na sexta-feira (17), onde poderiam ter a oportunidade de se encontrar.

“Os EUA não podem pedir comunicação e diálogo, por um lado, enquanto reforçam diferenças e crises crescentes, por outro”, disse ele, apelando depois a Washington para “lidar adequadamente com este inesperado e isolado incidente” e colocar a relação novamente nos trilhos.

A chance de retomar o encontro entre os dois diplomatas vinha sendo discutida, mas essa hipótese diminuiu depois que ontem a China avisou que responderia aos EUA com “contramedidas” devido ao tratamento da questão do balão.

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O artefato foi abatido pelo governo dos EUA no início do mês sob argumento de que se tratava de um balão de espionagem da China. A China disse que a aeronave era um dispositivo de coleta de dados meteorológicos que se desviou de seu curso.

Pequim não especificou as contramedidas citadas, mas hoje se revelaram com o anúncio de sanções e multas contra duas importantes empresas de defesa americanas, que segundo o governo teriam participação na venda de armas para Taiwan: A Lockheed Martin e uma subsidiária da Raytheon Technologies.

A decisão ocorre enquanto o governo norte-americano tem colocado várias empresas chinesas em uma lista negra de exportação na semana passada com a justificativa de terem ligações com um programa global de espionagem de balões com apoio militar.

O presidente dos EUA pode abordar a crise do balão em um discurso público ainda nesta quinta-feira, informou o Washington Post, citando pessoas familiarizadas com os planos.

Conforme se agravava a crise dos balões, os Estados Unidos disseram que Pequim rejeitou as tentativas de organizar um telefonema entre altos funcionários da defesa dos dois países. O Pentágono pediu uma ligação entre o Secretário de Defesa Lloyd Austin e o Ministro da Defesa Wei Fenghe logo após o primeiro balão ter sido abatido em 4 de fevereiro, mas a China “recusou o pedido”, segundo declaração do Brigadeiro-General Pat Ryder.

Esse tumulto abalou os laços que vinham melhorando desde que o Presidente Joe Biden e o líder chinês Xi Jinping se encontraram na Indonésia em novembro do ano passado, o primeiro encontro pessoal entre os líderes das maiores economias do mundo desde que a pandemia começou.

“Acredito absolutamente que não precisa haver uma nova Guerra Fria”, disse Biden após as conversas de novembro.

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