Bloomberg Línea — Os investidores continuam a digerir nesta quarta-feira (15) o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) divulgado ontem, e também dados sobre a inflação do Reino Unido, que continua elevada.
Nesta quarta, os olhares se voltam para a divulgação nos EUA de dados como os de vendas no varejo, produção industrial e estoques empresariais – para entender quais devem ser os próximos passos do Federal Reserve (Fed).
No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala hoje em evento do BTG Pactual (BPAC11), um dia depois de afirmar que uma eventual mudança da meta de inflação não está na pauta da conversa do Conselho Monetário Nacional (CMN) de quinta-feira (16).
Ontem, o Nubank (NU) divulgou lucro líquido ajustado de US$ 113,8 milhões e lucro líquido de US$ 58 milhões no quarto trimestre de 2022, versus um lucro ajustado de US$ 3,2 milhões e um prejuízo de US$ 66,1 milhões no mesmo período do ano anterior.
Ainda no cenário corporativo, a crise da Americanas (AMER3) segue no radar.
Confira as notícias que devem movimentar os mercados nesta quarta-feira (15):
1. Haddad e a meta de inflação
Haddad afirmou que a discussão sobre uma mudança da meta de inflação não está na pauta da reunião da CMN de quinta. Segundo o jornal O Globo, o ministro disse que “existe uma coisa chamada pré-Comoc e Comoc (reuniões prévias do CMN) que definem a pauta do CMN. [Esse debate] não está na pauta”.
A fala de Haddad aconteceu um dia depois da participação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, no programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Na ocasião, ele afirmou que uma mudança na meta da inflação neste momento teria efeito contrário ao desejado pelo governo.
“Se nós fizermos uma mudança no sentido de ganhar flexibilidade [no combate à inflação], o efeito prático vai ser o contrário, vamos perder flexibilidade”, disse ele.
Atualmente, a meta de inflação é de 3,25% para 2023 e de 3,00% para 2024, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
2. Calote da Americanas
Os maiores bancos de capital aberto do Brasil reservaram R$ 9,3 bilhões para perdas potenciais ligadas ao colapso da Americanas.
O Bradesco (BBDC4) foi o mais atingido entre os bancos locais, registrando uma despesa extraordinária para perdas com empréstimos de R$ 4,9 bilhões vinculada a “um cliente Large Corporate específico”, e cobrindo 100% de sua exposição.
O Itaú Unibanco (ITUB4) informou uma provisão antes de impostos de R$ 1,3 bilhão para o evento, no qual também não nomeou a Americanas, e utilizou provisões complementares que já haviam sido registradas em seu balanço para cobrir o restante de sua exposição.
3. Mercados
As ações europeias operam próximas da estabilidade enquanto os índices futuros de ações de Wall Street reduziram as perdas. Os investidores avaliam como os últimos dados de inflação dos EUA e do Reino Unido afetarão as perspectivas para as taxas de juros e os resultados das principais empresas.
O mercado segue digerindo os dados do CPI dos EUA, que mostraram que os preços subiram mais do que o previsto, além dos comentários de autoridades do Federal Reserve. A inflação no Reino Unido também continua elevada, em dois dígitos, e cinco vezes acima da meta do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), segundo dados divulgados nesta quarta-feira (15).
4. Manchetes do dia
Estadão: Governo manda mil chips de celular para área indígena Yanomami, onde não há sinal
Folha de S. Paulo: Governo Lula decide conceder reajuste adicional no salário mínimo a partir de maio
O Globo: ‘Nunca estivemos tão perto de acabar com a emergência da covid’, afirma a líder da OMS para a pandemia
Valor Econômico: BNDES estuda linha de crédito para fornecedores da Americanas
5. Agenda
A agenda é novamente cheia nos Estados Unidos, com a divulgação do núcleo de vendas no varejo mensal às 10h30 (horário de Brasília), bem como o índice Empire State de atividade industrial, seguido pela publicação da produção industrial às 11h15. Ao meio-dia acontece a divulgação dos estoques mensais das empresas, bem como o nível de estoques do varejo excluindo automóveis.
Depois, às 12h30, são divulgados os estoques de petróleo bruto e em cushing. Às 15h acontece o leilão de títulos de 20 anos e, para fechar o dia, às 18h são divulgadas as transações líquidas de longo prazo.
Na zona do euro, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), discursa às 11h.
-- Com informações da Bloomberg News
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