Investidores não acreditam que rali de ações vá durar, diz pesquisa do BofA

Cerca de 66% dos entrevistados em fevereiro disseram que o mercado acionário está passando por uma recuperação da temporada de baixa

Ações norte-americanas e europeias se recuperaram em 2023 com os sinais de abrandamento da inflação estimulando apostas de que os bancos centrais flexibilizarão suas políticas apertadas de juros
Por Sagarika Jaisinghani
14 de Fevereiro, 2023 | 12:34 PM

Bloomberg — Enquanto os mercados acionários estão em uma marcha incessante de valorização, com otimismo em torno de um crescimento econômico mais forte e do esfriamento da inflação, a maioria dos investidores não está convencida de que os ganhos durarão.

De acordo com a última pesquisa global de gestores de fundos feita pelo Bank of America (BAC), cerca de 66% dos entrevistados em fevereiro disseram que o mercado acionário está passando por uma recuperação da temporada de baixa - sinalizando que esperam que os papéis retornem a patamares mais baixos.

As ações enfrentam hoje seu próximo grande teste, quando os dados da inflação dos EUA fornecerão pistas sobre as perspectivas da política do Federal Reserve.

Essa perspectiva se mantém, apesar de ter havido um recuo do número de entrevistados que esperam que ocorra uma recessão global. Na pesquisa de novembro, 77% dos investidores davam como certo um cenário recessivo e agora 24% trabalham com essa possibilidade.

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O pessimismo em relação ao crescimento econômico também está no seu ponto mais baixo em um ano, com 83% dos administradores de fundos entrevistados estão esperando por uma redução da inflação ao longo dos próximos 12 meses.

Ainda assim, o estrategista Michael Hartnett disse que a visão é suave o suficiente para evitar uma queda nos preços das ações por enquanto. Cerca de 31% dos investidores tem exposição reduzida a renda variável em comparação com um pico de 52% em setembro, mas isso ainda é uma proporção maior do que a média histórica. Enquanto isso, as alocações em ativos de alta liquidez diminuíram este mês e agora estão em níveis vistos pouco antes do início da guerra na Ucrânia em fevereiro passado, disse Hartnett.

Após hibernar em um mercado de baixa no ano passado, as ações norte-americanas e europeias se recuperaram em 2023 com os sinais de abrandamento da inflação estimulando apostas de que os bancos centrais flexibilizarão suas políticas apertadas de juros. O otimismo em relação à reabertura na China, bem como os preços mais baixos do gás natural na Europa, também alimentaram a melhora do humor dos investidores.

Ainda assim, alguns estrategistas, incluindo Marko Kolanovic, da JPMorgan Chase & Co., continuam cautelosos quanto às perspectivas das ações, dizendo que elas ainda não refletem a possibilidade de uma recessão.

Hartnett - que foi amplamente negativo em ações em 2022 - recomendou na semana passada a venda do S&P 500 acima de 4.200 pontos, cerca de 1,5% acima de seu último fechamento.

A pesquisa do Bank of America - que foi conduzida de 2 a 9 de fevereiro e entrevistou 262 gestores de fundos que administram US$ 763 bilhões - mostrou que as expectativas de lucro estavam melhorando, mas permaneceram em baixa.

Os participantes ainda veem a estagflação como o cenário macroeconômico mais provável, com 83% esperando crescimento abaixo da tendência e inflação acima da tendência nos próximos 12 meses.

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Entre os maiores riscos, os entrevistados citam a inflação permanecer alta, a geopolítica piorar, uma recessão global profunda, bancos centrais sustentando políticas fortemente restritivas e um evento sistêmico de crédito. Cerca de 68% dos participantes esperam que a reabertura da China tenha um impacto inflacionário sobre a economia global.

-- Com a colaboração de Jan-Patrick Barnert

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