CPI: Inflação dos EUA acelera e sobe 0,5% em janeiro, em linha com o esperado

Resultado tende a influenciar as decisões do Federal Reserve sobre o futuro do aperto dos juros americanos

Mercado de trabalho resiliente mantém a demanda aquecida no país
14 de Fevereiro, 2023 | 10:33 AM

Bloomberg Línea — O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos avançou 0,5% em janeiro, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (14), mostrando que a inflação americana continua resiliente, o que pressiona o Federal Reserve a manter a política de aperto dos juros.

Após a divulgação, os índices futuros dos EUA chegaram a cair, mas se recuperaram em seguida. O S&P 500 Futuro subia 0,36% e o Nasdaq Futuro tinha alta de 0,22% por volta das 10h48 (horário de Brasília).

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O resultado de janeiro ficou acima do mês anterior, quando o CPI teve uma ligeira alta de 0,1%, de acordo com os dados revisados. Em 12 meses, a inflação americana acumula alta de 6,4%, pouco abaixo do resultado de dezembro (6,5%). É o menor resultado acumulado em 12 meses desde outubro de 2021.

Economistas do mercado financeiro consultados pela Bloomberg estimavam uma alta de 0,5% em janeiro, e de 6,2% em 12 meses.

Já o núcleo da inflação, medida que desconsidera a variação dos preços de itens mais voláteis como energia e alimentação, registrou alta de 0,4%, o mesmo resultado de dezembro (0,4%), na comparação mês a mês.

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Em 12 meses, o núcleo teve alta de 5,6%, ante 5,75% em dezembro. A estimativa do mercado financeiro era de uma alta de 0,4% no mês e de 5,5% em 12 meses.

O núcleo da inflação é uma das principais medidas acompanhadas pelo Fed, pois dá indicações mais precisas sobre a variação de preços no país.

A inflação de janeiro foi puxada principalmente pelo grupo de habitação, que subiu 0,7% e respondeu por quase metade da alta no mês, de acordo com o Escritório de Estatísticas do Trabalhos dos EUA (BLS, na sigla em inglês). O aumento foi influenciado pela alta dos aluguéis no país.

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Além do grupo de habitação, a elevação dos preços de alimentação (com alta de 0,5% no mês), gasolina (2,4%) e gás natural (6,7%) também contribuiu para a alta da inflação em janeiro.

Preços e juros

O CPI de janeiro é o primeiro indicador de inflação dos EUA divulgado desde a decisão do Federal Reserve de subir os juros em 0,25 ponto percentual na reunião de 1º de fevereiro, para o intervalo entre 4,50% e 4,75% ao ano.

A autoridade monetária americana vem subindo os juros para enfrentar a maior alta de preços no país em 40 anos. No acumulado em 12 meses, o CPI chegou a atingir 9,8% em junho do ano passado e vem desacelerando desde então.

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Apesar das quedas, a inflação continua distante da meta de 2% do banco central americano, o que sugere que os juros no país devem continuar elevados por um certo tempo.

Na última semana, diversos diretores do Federal Reserve reforçaram o compromisso de manter a taxa elevada para combater a inflação.

A diretora do Fed, Michelle Bowman, disse na segunda-feira (13) que o banco central “ainda está longe de alcançar a estabilidade de preços” e provavelmente terá que continuar aumentando as taxas.

Outro ponto que preocupa o Fed é o mercado de trabalho americano, que se mantém mais aquecido do que o esperado, o que tende a provocar um aumento da demanda na economia, elevando os preços. Em janeiro, o país gerou mais de 517 mil novas vagas de emprego, muito acima do esperado por economistas do mercado financeiro, que previam alta de 190 mil.

-- Com informações da Bloomberg News. Atualizado às 10h48 para incluir mais detalhes e a reação dos índices futuros.

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Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.