Bloomberg — As ações em Wall Street estão prontas para uma liquidação depois de o mercado precificar de forma prematura uma pausa nos aumentos das taxas pelo Federal Reserve. Ao menos é o que avaliam estrategistas do Morgan Stanley (MS).
“Embora o recente aumento nas taxas suporte uma visão de que o Fed pode permanecer restritivo por mais tempo do que o estimado, o mercado de ações está se recusando a aceitar essa realidade”, escreveu a equipe liderada por Michael Wilson, em nota.
Wilson – o estrategista com melhor classificação na pesquisa Institutional Investor do ano passado – espera que a deterioração dos fundamentos somada à alta de juros e à redução dos lucros das companhias leve as ações a uma mínima em breve. “O preço está tão desconectado da realidade quanto esteve durante a queda do mercado”, escreveu.
Na semana passada, os rendimentos das notas de dois anos dos EUA excederam os rendimentos de 10 anos pela primeira vez desde o início da década de 1980, um sinal de queda na confiança da capacidade da economia de suportar novos aumentos dos juros.
Enquanto isso, as ações dos Estados Unidos tiveram um dos inícios de ano mais fortes da história, embora o rali tenha começado a esfriar, pressionado pelas perspectivas de novos aumentos dos juros.
Os dados de inflação dos EUA podem ser um catalisador para trazer os investidores de volta à realidade e colocar as ações em linha com os títulos novamente, se os preços subirem mais do que o esperado, disse Wilson, observando que as expectativas para tal resultado estão crescendo.
Prevê-se que os dados de terça-feira (14) mostrem que os preços ao consumidor aumentaram 0,5% em janeiro em relação ao mês anterior, estimulados pelos custos mais altos da gasolina. Isso marcaria o maior ganho em três meses.
Wilson vê o S&P 500 encerrando o ano em 3.900 pontos do índice, cerca de 4,7% abaixo de onde o indicador fechou na sexta-feira (10), com uma jornada difícil para chegar até lá. Ele espera que as ações caiam à medida que as estimativas de lucro diminuam, antes de se recuperarem no segundo semestre do ano.
Wilson, um forte baixista de Wall Street, previu corretamente o sell-off do ano passado, quando as ações dos EUA registraram seu pior desempenho desde 2008.
“O risco-recompensa é tão ruim quanto em qualquer outro momento durante este mercado de baixa”, escreveu Wilson. “A realidade para as ações é que a política monetária permanece em território restritivo no contexto de uma recessão de lucros que agora começou para valer.”
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