Meta de inflação é ambiciosa demais e deve ser reavaliada logo, diz Xavier, da SPX

Segundo o experiente gestor, a mudança deveria ocorrer antes da previsão inicial em junho, com um novo arcabouço fiscal anunciado o mais rápido possível

'É hora de o conselho se reunir e reavaliar os objetivos colocados ao BC', segundo o gestor e cofundador da asset
13 de Fevereiro, 2023 | 03:31 PM

Bloomberg Línea — As metas de inflação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o cumprimento pelo Banco Central não são adequadas e precisam ser reavaliadas o quanto antes. A afirmação é de Rogério Xavier, cofundador e sócio da SPX Capital.

“É hora de o conselho se reunir e reavaliar os objetivos colocados ao BC. O ideal é que o CMN não espere até junho para alterar a meta de inflação; essa mudança deveria ser feita logo”, escreveu o gestor em carta do fundo SPX Nimitz referente ao mês de janeiro.

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Hoje, o centro da meta de inflação definida pelo CMN é de 3,25%, para 2023, e de 3% para 2024. Em ambos os casos, a margem de tolerância é de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

No texto, Xavier, um dos gestores mais bem-sucedidos e experientes do mercado, destacou que as metas atuais são “ambiciosas demais” e que foram estabelecidas há cerca de três anos, quando diversos eventos não eram esperados, como a extensão da pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia, problemas nas cadeias de suprimentos e a crise dos chips.

Por essas razões, disse o gestor, essa alteração deveria ser feita logo.

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“Não podemos ter um Banco Central fazendo política monetária mirando uma meta que as pessoas sabem que será alterada. Quanto mais tempo o governo demorar para definir as novas metas, mais difícil será para ancorar as expectativas em torno desse novo valor”, ressaltou.

Apesar de necessária, a mudança terá um custo importante: o mercado vai passar a considerar que existe um risco de novas alterações nas metas de inflação no futuro, o que afeta as expectativas, apontou.

Diante desse contexto, Xavier vê como ponto crucial o equilíbrio fiscal, de forma que a mudança de meta “ocorra de forma organizada e sem gerar uma desancoragem de expectativas”.

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Segundo ele, é muito importante “que seja anunciado o mais rápido possível um novo arcabouço fiscal, que indique um déficit primário em queda nos próximos anos”. Sem isso, disse, a ideia de mudar a meta de inflação pode acabar tendo efeitos bem negativos sobre expectativas, câmbio e inflação.

Com relação à taxa de juros, Xavier destacou que no passado uma política fiscal crível foi capaz de trazer os juros para patamares iguais aos dos países desenvolvidos. “Perseverar na política fiscal não é panaceia, e sim passaporte para chegar a taxas de juros mais baixas. Não admitir isso é iludir-se.”

A SPX Capital tem atualmente cerca de R$ 60 bilhões em ativos sob gestão e é uma das maiores gestoras independentes do país.

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Alocações neste começo de ano

O SPX Nimitz possui posição aplicada (à espera da queda das taxas) em juros em países em que acredita que o próximo movimento será o de queda dos juros, enquanto tem posições tomadas (que ganham com a alta das taxas) em países atrasados no ciclo de aperto monetário.

Em ações, as alocações estão concentradas em posições relativas em mercados emergentes. A casa mantém o foco nos setores de energia e petróleo.

Desempenho

Em janeiro, o fundo multimercado que é o carro-chefe da casa teve ganhos de 1,81%, ante variação de 1,12% do CDI. Em 2022, o fundo rendeu 21,73%, versus 12,37% do CDI.

Desde o início em dezembro de 2010, o retorno acumulado é de 350,09%, versus 185,16% do CDI.

As posições em juros foram as principais contribuições positivas para o fundo em janeiro, enquanto os mercados de ações, crédito, commodities e moedas foram as contribuições negativas.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.