Indústria do petróleo precisa investir US$ 500 bi por ano até 2045, diz Opep

Secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo defende mais investimentos no setor e políticas climáticas mais “equilibradas e justas”

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Bloomberg — A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) pediu que os países invistam mais em petróleo para atender às necessidades futuras de energia do mundo e defendeu que as políticas climáticas precisam ser mais “equilibradas e justas”.

“É necessário que todas as partes envolvidas nas negociações climáticas em andamento parem por um momento e olhem para o quadro geral”, disse Haitham Al-Ghais, secretário-geral da Opep no domingo (12), em uma conferência sobre energia no Cairo.

Eles devem “trabalhar para uma transição energética que seja ordenada, inclusiva e que ajude a garantir a segurança energética para todos”, completou.

Seus comentários vêm em meio a uma mudança entre alguns governos e empresas ocidentais em relação aos combustíveis fósseis. Os preços do petróleo, gás natural e carvão dispararam após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro passado, colocando a segurança energética no topo da agenda de muitos líderes.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saiu do roteiro durante seu discurso sobre o Estado da União na semana passada e disse: “Vamos precisar de petróleo por pelo menos mais uma década”.

Na Europa, a Shell (SHEL) sinalizou que vai parar de acelerar os gastos com energia renovável, enquanto a BP Plc desacelerou sua planejada redução da produção de petróleo e gás.

Al-Ghais, da Opep, disse que a indústria do petróleo foi “afetada por vários anos de subinvestimento crônico”. Agora, ela precisa de US$ 500 bilhões em investimentos anuais até 2045, disse ele.

A realização da cúpula climática COP28 nos Emirados Árabes Unidos no final de 2023 “servirá como uma nova oportunidade para explorar soluções inclusivas, sustentáveis e baseadas em consenso para a mudança climática”, disse o secretário-geral, que é do Kuwait, membro da Opep.

Os Emirados Árabes Unidos, também integrante da Opep, nomearam o sultão Al Jaber, chefe da empresa nacional de petróleo e gás Adnoc, como presidente da cúpula.

Embora isso tenha causado alguma controvérsia, Al Jaber disse que os produtores de hidrocarbonetos devem estar na vanguarda das negociações climáticas se o mundo quiser fazer a transição para uma energia mais limpa e, ao mesmo tempo, garantir que os preços dos combustíveis permaneçam acessíveis.

Al Ghais reiterou que a Opep e seus parceiros, conhecidos como Opep + (a aliança de 23 nações liderada pela Arábia Saudita e Rússia), estão empenhados em manter o mercado de petróleo estável.

É improvável que a Arábia Saudita e outros membros importantes da Opep respondam ao anúncio da Rússia de sexta-feira (10), de um corte na produção.

Embora Moscou tenha indicado no final do ano passado que pode reduzir a produção como retaliação contra as sanções ocidentais, os preços do petróleo ainda dispararam na sexta-feira. O Brent ampliou seu ganho semanal para 8,1%, fechando a US$ 86,90 o barril.

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