Bloomberg Línea — A Nord, grupo de casa de análise fundada por Renato Breia, Marília Fontes e Bruce Barbosa, ex-Empiricus, está atraindo bankers que operam carteiras de clientes de private em bancos e escritórios especializados, em um esforço para ampliar a sua unidade de wealth management e diversificar o negócio.
O objetivo é migrar a carteira de clientes dos profissionais para dentro da Nord e oferecer uma remuneração seguindo o modelo fee based, com base em um percentual do ganho do cliente. É diferente do modelo de comissão utilizado em alguns bancos e escritórios, em que bankers podem oferecer produtos que não são necessariamente a melhor opção para o cliente.
Até o momento, a Nord trouxe seis bankers e a expectativa é que o número cresça de duas a três vezes neste ano, segundo Renato Breia, um dos sócios-fundadores da Nord, em entrevista à Bloomberg Línea.
A equipe será liderada por Adolfo Dias, ex-private banker do Credit Suisse, que trocou o banco de investimento pela Nord. Ao todo, a equipe de bankers trouxe R$ 150 milhões para a área de wealth da empresa – o objetivo é chegar a R$ 600 milhões até o fim de 2023.
“São pessoas que estão alinhadas com o nosso perfil de gerir investimentos. Ele traz a carteira dele e continua tocando da mesma forma. Esses bankers usam a nossa expertise de alocação e podem falar com os analistas. É um modelo que estamos testando há mais de um ano”, disse Breia.
Mudança de estratégia
A atração dos agentes de private faz parte de uma estratégia da Nord para fazer crescer suas áreas de atuação além do Research, pela qual a empresa é conhecida.
Fundada em 2018 como uma casa de análises independente, a Nord cresceu com o aumento do interesse de investidores pessoa física por renda variável em um momento em que os juros básicos estavam próximos de patamares mínimos históricos.
Cresceu no mesmo ambiente de concorrentes como Suno, Eleven e Levante, sem contar a própria Empiricus, de onde vieram os sócios da Nord. Hoje conta com cerca de 50 mil clientes.
Restou como casa de análises independente, depois que o BTG Pactual (BPAC11) comprou a Empiricus, enquanto a XP (XP) adquiriu participações da Suno e da Levante e ficou com a Eleven ao incorporar a Modal. A Toro Investimentos, por sua vez, foi comprada pelo Santander Brasil (SANB11).
No entanto, a alta da Selic e da inflação de 2021 para cá levou milhões de investidores brasileiros a migrar para a renda fixa, o que afetou o negócio de empresas como a Nord.
Em 2021, a Nord criou a sua própria gestora para atuar diretamente com a alocação de recursos de clientes usando as estratégias e passou a oferecer também serviços nas áreas de consultoria e wealth, um caminho trilhado inicialmente pela Empiricus com o lançamento da Vitreo em 2018.
Hoje, a asset da Nord tem R$ 250 milhões sob gestão, e a área de wealth, R$ 2 bilhões.
A empresa tem seis fundos de investimento e lançou recentemente seu segundo fundo de previdência. A Nord já tinha um outro fundo da categoria, com maior risco, que aloca 70% do capital em ações. Segundo Breia, a expectativa é encerrar o ano com cerca de 10 fundos disponíveis.
A área de Research representou 90% do faturamento em 2022, mas a expectativa é que essa fatia caia para 75% neste ano com o crescimento das demais áreas, de acordo com o sócio.
“As três unidades de negócios, e outras unidades em que estamos de olho, são complementares. Todas vão poder crescer e coexistir”, afirmou.
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