Carrefour: ampliar geração de caixa para reduzir alavancagem é objetivo, diz CFO

David Murciano diz que prioridade da companhia é capturar sinergias com a integração das lojas BIG, descartando interesse no ativo da Americanas

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São Paulo — O Carrefour Brasil (CRFB3) considera a HNT (Hortifruti Natural da Terra), adquirida pela Americanas (AMER3) em novembro de 2021, como um “ativo naturalmente no mesmo perímetro” da filial do grupo francês de hipermercados, mas descarta o interesse em tentar adquirir a rede varejista especializada em produtos frescos como foco em frutas, legumes e verduras. A prioridade da companhia em 2023 é capturar sinergias com a integração das lojas BIG, segundo o CFO do Carrefour, David Murciano.

O plano de expansão prevê a conversão de um total de 124 lojas das 374 unidades adquiridas. Deste total, 70 serão migradas para o formato Atacadão (38 lojas do Maxxi, 28 do Big e 4 do TodoDia ou Bom Preço). A companhia espera aumentar a geração de caixa neste ano para reduzir seu nível de alavancagem, disse o executivo durante conversa com jornalistas sobre o resultado do 4º trimestre.

“A Natural da Terra se encaixa no perfil do Carrefour, é um ativo naturalmente no mesmo perímetro, mas nossa prioridade é capturar as sinergias com a integração do BIG”, afirmou Murciano, evitando falar com os jornalistas especificamente sobre o caso Americanas.

Em janeiro, o grupo varejista revelou um rombo de R$ 20 bilhões em sua contabilidade e entrou em Recuperação Judicial, com uma dívida superior a R$ 47 milhões com mais de 9.000 credores. Uma possível venda de ativos pode ser um meio de levantar recursos para equacionar suas dívidas, embora a Americanas já tenha dito, em fato relevante no mês passado, que a HNT esteja à venda.

Inflação

Sobre o cenário macroeconômico, o CFO do Carrefour disse que o grupo já nota um alívio na inflação, mas que os preços continuam ainda em um patamar elevado. Mesmo assim, ele afirma que as vendas de eletrônicos e eletrodomésticos apresentaram um crescimento no final do ano. Ele trabalha com a expectativa de manutenção da taxa Selic, hoje em 13,75%, em dois dígitos em 2023. “Não esperamos um corte significativo neste ano”.

O Banco Carrefour tem financiado compras parceladas de clientes, o que facilita o desempenho das vendas de bens duráveis pela rede. O braço financeiro do grupo contribuiu com mais de R$ 1 bilhão com a geração de caixa do Carrefour no ano passado. “Temos controlado o nível de inadimplência”, disse o executivo.

Outra área que deve contribuir para um resultado positivo em 2023 é a sua divisão imobiliária, o Carrefour Property. O lucro do Carrefour Brasil caiu 24% no ano passado, para R$ 1,8 bilhão. O CFO atribuiu a redução ao impacto do custo da dívida com os juros elevados.

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