Bloomberg News — O BTG Pactual (BPAC11), um dos bancos mais expostos à crise da Americanas (AMER3), disse nesta segunda-feira (13) que, “devido a um evento específico que foi amplamente divulgado”, decidiu provisionar R$ 1,123 bilhão na área de Corporate & SME Lending pela exposição de crédito e R$ 77 milhões em Sales & Trading por causa de outros instrumentos financeiros, totalizando R$ 1,2 bilhão.
O banco disse ainda, por ocasião da divulgação do resultado trimestral, que o “evento específico” também impactou as despesas com bônus, que foram reduzidas em R$ 153,1 milhões, e as despesas com imposto de renda e contribuição social, que diminuíram R$ 466,9 milhões no trimestre.
“Dessa forma, no agregado, as provisões não recorrentes impactaram negativamente o lucro líquido do BTG Pactual em R$ 580 milhões”, apontou o banco em comunicado nesta manhã.
“É importante destacar que adotamos medidas rápidas e necessárias para proteger os interesses de nossos clientes e acionistas, e este evento isolado não reflete o estado geral de nossos negócios”, disse o banco.
O BTG Pactual registrou lucro líquido de R$ 1,64 bilhão no quarto trimestre, uma queda de 5,7% na base anual, ante estimativa de R$ 2,15 bilhões. Sem o impacto dos R$ 580 milhões da Americanas, o lucro líquido teria superado a marca do mesmo período de 2021, em R$ 2,22 bilhões.
R$ 1,25 trilhão sob gestão
Os ativos sob gestão (AuM), incluindo na área de wealth management, subiram 27% na base anual de 7% na trimestral, para R$ 1,254 trilhão ao fim do ano passado.
Analistas do UBS BB disseram em relatório anterior ao resultado que o BTG Pactual tem a maior exposição como percentual de seu patrimônio dentro da lista de bancos credores da Americanas, que mostrou que a varejista deve ao banco R$ 3,1 bilhões.
As ações do BTG recuaram 13% desde a divulgação das “inconsistências” contábeis de da ordem de R$ 20 bilhões na centenária varejista no fim do dia 11 de janeiro. O Ibovespa caiu 3,9% no período.
O BTG saiu na frente nas críticas à empresa e aos seus principais acionistas, chamando o caso de “a maior fraude do mercado de capitais brasileiro” em uma ação judicial dias após a divulgação.
Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander Brasil (SANB11) já divulgaram aumento das provisões de 100%, 100% e 30%, respectivamente, diante do calote da empresa varejista em recuperação judicial, embora nenhum mencione a Americanas nominalmente em seus relatórios.
O Bradesco reportou o maior montante de perdas esperadas com empréstimos: R$ 4,9 bilhões.
- Com informações da Bloomberg Línea.
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