Bloomberg Opinion — Bilhões de dólares serão apostados no Super Bowl neste domingo (12), destacando a popularidade das apostas no futebol americano. Boa parte do apelo é o sistema de pontuação, que foi desenvolvido há quase 150 anos pelo “pai do futebol americano”, Walter Camp, e é único entre os esportes de equipe mais populares do mundo.
O futebol americano permite pontuações de 2, 3, 6, 7 e 8 pontos, ao contrário dos esportes como futebol e hóquei, que permitem apenas um único ponto por pontuação, e as pontuações são baixas.
Na Copa do Mundo de 2022, apenas 2,7 gols foram marcados em média por ambos os times em partidas, e na NHL, de hóquei, de 2021-2022, a média foi de 6,2. No outro extremo, na temporada de 2021-2022 da NBA, de basquete, os torcedores viram uma média de 115 pontuações por jogo, valendo 1, 2 ou 3 pontos cada.
Agora a coisa fica técnica. Eventos raros como gols no futebol e no hóquei tendem a seguir uma curva suave chamada “distribuição de Poisson”. As agregações de muitos eventos tendem a seguir uma curva suave diferente chamada de distribuição Normal.
Mas as pontuações no futebol americano, com números moderados de eventos de pontuação de tamanhos diferentes, não constituem uma curva suave nem uma distribuição padrão.
Isso significa que os jogos de futebol, hóquei e basquete são mais uniformes. As equipes jogam de forma semelhante – talvez de forma mais ou menos agressiva – independentemente do placar.
A pontuação relativa aumenta e diminui em incrementos uniformes – um time não pode passar na frente, exceto se o fizer em pequenos passos, primeiro empatando o placar e então ultrapassando o outro time. É como assistir a uma corrida.
O placar do futebol americano, por outro lado, anda a passos largos. Há pontuações suficientes e tipos diferentes de pontuação que as equipes podem compensar déficits e produzir pontuações finais de inúmeras maneiras.
Assim como no futebol e no hóquei, mas ao contrário do basquete, um único evento faz uma diferença relevante no resultado. Mas, como o basquete e ao contrário do futebol e do hóquei, há muitos desses eventos durante um jogo comum.
As equipes jogam de forma diferente dependendo do placar – fazendo passes ou correndo pelo campo, por exemplo. Além disso, há muitas situações no jogo – posse de bola, linha de jardas, down, distância – afetadas por cada jogada; na maioria dos outros esportes a situação afetada é a posse de bola, que tem apenas dois valores e muda constantemente.
Essas coisas animam o torcedor e proporcionam boas oportunidades de aposta.
Outra forma de olhar para isso é a variedade de placares finais. Na Copa do Mundo de 2022, 64 jogos resultaram em apenas 15 pontuações finais diferentes, e 70% desses jogos foram 0 a 0, 1 a 0, 1 a 1, 2 a 0 ou 2 a 1.
Na temporada regular da NFL de 2022, 272 jogos produziram 181 resultados diferentes. A pontuação mais comum da NFL, de 20 a 17, aconteceu apenas oito vezes nesses 272 jogos, enquanto três placares na Copa do Mundo aconteceram com mais frequência em apenas 64 jogos – 2 a 0 (12 vezes), 2 a 1 (11 vezes) e 1 a 0 (10 vezes).
A NBA tem muitos resultados diferentes – 749 em 1.264 jogos na temporada 2021-2022, mas um jogo 115 a 109 não é muito diferente de uma perspectiva de fã ou de um apostador do que um jogo 116 a 110.
O Scoragami acompanha os resultados da NFL que ocorrem pela primeira vez. Em mais de 17.389 jogos, houve 1.075 jogos diferentes. Houve de três a nove resultados nunca vistos antes em cada um dos últimos 10 anos e pelo menos um a cada ano desde 1983.
A única vez que há um novo resultado no futebol ou no hóquei é quando um time bate um recorde de diferença, e um jogo de 20 a 0 é bem semelhante a um de 19 a 0.
O beisebol é um caso intermediário interessante. Embora o placar aconteça em “runs” (corridas) individuais, a natureza do jogo é que os runs aconteçam em abundância. Como o futebol, há muitos parâmetros intermediários de jogo – time batedor, inning, homens na base, bolas fora, strikes.
Embora haja grande interesse internacional pelo beisebol na América Latina, Japão, Iraque e Canadá, ele continua sendo um esporte típico dos Estados Unidos, popular principalmente entre torcedores e apostadores americanos.
Como qualquer outro esporte, o futebol americano produz jogos assimétricos, que não são muito divertidos para os espectadores ou apostadores. Aqui entra o matemático Charles McNeil, da Universidade de Chicago.
Ele era um jogador do ensino médio que muito novo para jogar na liga universitária, que formou uma amizade duradoura com o lendário treinador Alonzo Stagg. Ele inventou o “point spread” por volta de 1940 e transformou as apostas em futebol americano e basquete por atribuir uma vantagem extra para os times envolvidos para equilibrar as apostas.
O point spread não funciona para o futebol, hóquei, beisebol nem outros esportes, que são forçados a confiar nas apostas de probabilidades, tornando-as mais confusas e difíceis.
O futebol não ganhou a popularidade mundial de esportes americanos como basquete nem mesmo o vôlei e o beisebol, mas é de longe o esporte favorito do espectador e dos apostadores nos EUA, e a infinidade de possibilidades de resultados são o motivo dessa popularidade.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.
Aaron Brown foi diretor operacional e chefe de pesquisa de mercado financeiro no AQR Capital Management. É autor de “The Poker Face of Wall Street.” Ele pode ter conflito de interesses nas áreas em que faz cobertura.
Richard Dewey é cofundador e CEO da Proven.
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