Bloomberg — O Canadá informou que derrubou um objeto aéreo sobre seu território no sábado (11), na terceira incursão no espaço aéreo norte-americano este mês, enquanto a mídia chinesa local relatou um objeto não identificado sobrevoando uma de suas cidades.
O objeto de alta altitude foi identificado sobre o Alasca na noite de sexta-feira (10) e monitorado por aeronaves militares dos Estados Unidos ao cruzar para o Canadá, de acordo com o Pentágono. Aeronaves canadenses e americanas foram embaralhadas e um caça F-22 dos EUA o derrubou com sucesso sobre o território de Yukon.
O primeiro-ministro Justin Trudeau coordenou a resposta com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O objeto foi derrubado por um míssil AIM 9X.
Enquanto isso, na China, autoridades estão se preparando para derrubar um objeto não identificado visto voando sobre as águas perto da cidade portuária de Qingdao, informou o jornal chinês The Paper neste domingo (12), citando um funcionário da autoridade de desenvolvimento marinho do distrito de Jimo, em Qingdao.
Contexto
O drama aéreo começou no início deste mês, quando um balão atravessou a América do Norte, chamando a atenção global e provocando um impasse diplomático entre os EUA e a China.
Os EUA disseram que o balão foi enviado deliberadamente pela China para vigilância, enquanto Pequim respondeu que era um dispositivo inofensivo de monitoramento do clima que saiu do curso. Os militares dos EUA o derrubaram em 4 de fevereiro na costa da Carolina do Sul.
Não está claro quais eram os dois últimos objetos ou de onde eles se originaram. Até o momento, nenhuma evidência foi divulgada para indicar que os três episódios estão conectados. Ligações para o Ministério das Relações Exteriores da China no domingo para comentários sobre os últimos incidentes não foram respondidas.
Biden ordenou a retirada de um objeto menor não identificado localizado a cerca de 40.000 pés sobre o Alasca na sexta-feira (10). Nesse mesmo dia, o terceiro objeto foi avistado em uma altitude semelhante pelo Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte, um comando militar conjunto dos EUA e do Canadá responsável pelo alerta aeroespacial e marítimo.
“Parece ser um objeto pequeno e cilíndrico” – menor que o primeiro balão – e “representa uma ameaça razoável à segurança dos voos civis”, disse Anita Anand, ministra da Defesa do Canadá, sobre o objeto mais recente.
Anand se recusou a especular sobre as origens do objeto mais recente, dizendo que era muito cedo, mas acrescentou que, de maneira geral, “precisamos estar de olhos bem abertos na China”.
Em busca de respostas
A fim de determinar mais detalhes sobre a finalidade e origem dos dispositivos, as Forças Canadenses irão recuperar e analisar os destroços do último objeto, enquanto as tripulações dos EUA trabalham para recuperar os restos do balão e do segundo objeto.
Em um sinal do aumento do nervosismo sobre as incursões, os EUA ordenaram no sábado o fechamento temporário do espaço aéreo sobre Montana depois de detectar uma “anomalia de radar”.
Aeronaves de caça enviadas para investigar não detectaram nenhum objeto relacionado aos acertos do radar, disse o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD), acrescentando que continuará monitorando a situação. A restrição já foi levantada.
Os incidentes chamaram a atenção para os supostos programas de vigilância da China. Os EUA alegam que o balão fazia parte de um programa de espionagem liderado por militares que durou anos e abrangeu mais de 40 países, uma alegação rejeitada por Pequim.
Em uma série de briefings e audiências com advogados na quinta-feira (9), autoridades dos EUA disseram que o balão carregava equipamentos com sensores projetados para captar sinais de comunicação e apontaram para o fato de que pairou sobre locais militares americanos sensíveis durante seu trânsito pelos EUA.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse na sexta-feira que o balão era uma embarcação civil e que seu trânsito pelos Estados Unidos na semana passada foi um “incidente isolado e inesperado”.
Um relatório de inteligência dos EUA divulgado em janeiro disse que o relato de fenômenos aéreos não identificados aumentou, à medida que o estigma em torno das alegações de avistamentos de OVNIs diminui e aumenta a conscientização sobre as ameaças que tais objetos podem representar.
-- Com a colaboração de Jenny Leonard e Phila Siu.
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