Bloomberg — O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem sido o responsável por tentar amortecer as tensões na relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Padilha e Campos Neto devem se encontrar nesta semana para tentar aparar arestas.
A busca por um interlocutor político junto ao presidente vem para enfrentar os ataques que o chefe do BC e a política monetária vêm sofrendo não apenas de Lula, mas também de seu entorno, incluindo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que se refere ao BC como “a última trincheira do Bolsonarismo no poder”.
Bombeiro
Investidores têm prestado cada vez mais atenção nas falas de Padilha, que já entrou em cena mais de uma vez para consertar o estrago causado por declarações de Lula nos mercados – a mais recente delas na última semana, quando negou que haja pressão por mudanças na autonomia ou no comando do Banco Central.
Interlocução
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também tem feito esforços para acalmar os ânimos. Embora não tenha gostado do tom do comunicado do BC após a última reunião do Copom – uma vez que a autoridade monetária não reconheceu os esforços do governo para ajustar as contas de 2023 – Haddad considerou que a ata melhorou o quadro.
Ele já pediu a Lula para baixar o tom das críticas a Campos Neto.
O presidente, no entanto, tem feito o contrário. Na posse de Aloizio Mercadante no comando do BNDES, Lula deu o recado: “Se eu que fui eleito não puder falar, quem eu vou querer que fale? O catador de material reciclável?”
Diretoria
Haddad tem dito que está conversando com Campos Neto sobre a escolha de nomes para a diretoria do Banco Central. O primeiro a sair será Bruno Serra, da diretoria de Política Monetária, no final de fevereiro.
Mas segundo interlocutores da equipe econômica, a disposição de Lula de aceitar qualquer sugestão que venha do atual comandante de BC ou de reconduzir um nome da atual diretoria é muito baixa.
Defesa
Interlocutores do Palácio do Planalto estão enviando ao Congresso um recado sobre Campos Neto e a autonomia do Banco Central. Quanto mais o chefe da autoridade monetária tentar se aproximar do Legislativo para buscar proteção dos ataques do presidente e evitar mudanças na lei que deu autonomia ao BC, mais o presidente seguirá o caminho oposto.
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