Argentina vê onda de imigração de gestantes russas em fuga dos efeitos da guerra

Facilidade em conseguir a cidadania atrai grávidas da Rússia, uma vez que seus filhos já nascem automaticamente como argentinos

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Bloomberg — Mais de 30 gestantes russas chegaram a Buenos Aires em um único voo internacional na noite de quinta-feira (9), a mais recente entrada entre milhares de futuras mamães fugindo dos efeitos econômicos da guerra na Ucrânia e buscando passaportes mais fortes na Argentina.

As informações são de Florencia Carignano, diretora nacional de imigração da Argentina, que falou à estação de rádio local TN na sexta-feira (10).

A Argentina tem visto um aumento da imigração russa desde agosto, quando os cidadãos passaram a fugir da guerra do presidente Vladimir Putin na Ucrânia e das sanções ocidentais que sufocaram a economia.

“A quantidade é realmente impressionante”, disse Carignano. “Dos 10.500 russos que entraram na Argentina no ano passado, mais da metade deles eram mulheres grávidas que entraram nos últimos três meses”.

O país não exige visto para turistas russos, incentivando as gestantes a entrarem em busca de assistência médica e cidadania para seus filhos. Um passaporte argentino dá ao seu titular acesso a 170 países, de acordo com o índice Henley Passport Index.

A Argentina concede automaticamente a cidadania por nascimento às crianças nascidas no país e é um dos países mais fáceis do mundo para se naturalizar. A maioria dos estrangeiros pode solicitar a cidadania após apenas dois anos de residência.

A embaixada da Rússia em Buenos Aires não respondeu a um pedido de comentário.

Embora a maioria das mulheres tenha recebido entrada como turista, seis mulheres que viajavam sozinhas foram detidas nos últimos dias por suspeita de “turismo falso”, porque não tinham a documentação correta ou não tinham voos de volta, disse Carignano.

“Temos o prazer de receber aqueles que estão vindo para se estabelecer e criar seus filhos na Argentina”, disse Carignano. “O problema que estamos vendo com algumas pessoas é que elas estão vindo para cá, tendo seus filhos e registrando-os como argentinos, e depois partindo para nunca mais voltar”.

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