Bloomberg — Adam Neumann está de volta.
O fundador da WeWork espera que no Flow, a sua nova startup imobiliária residencial, os moradores “se sintam” como proprietários - independentemente de sua propriedade acionária real - e que decidam consertar problemas em seus próprios banheiros em vez de chamarem o zelador ou reclamarem na imobiliária.
Essa foi uma das conclusões de uma palestra que Neumann deu em uma conferência organizada pelo principal financiador de venture capital do Flow, a Andreessen Horowitz.
O investidor divulgou nesta semana novas imagens do evento a portas fechadas, ocorrido em novembro. Foi a primeira vez em que Neumann falou longamente sobre seu negócio.
Neumann permaneceu de boca fechada sobre o que o Flow realmente faz desde que a Andreessen Horowitz investiu US$ 350 milhões em agosto passado.
O Flow será proprietária e operadora de prédios de apartamentos residenciais multifamily e tem planos de estrear em cidades como Atlanta, Fort Lauderdale, Miami e Nashville.
No vídeo revelado, que dura mais de 50 minutos, Neumann é tímido sobre os principais aspectos do negócio e sobre a forma como o Flow simulará a propriedade para os inquilinos enquanto mantém o controle dos edifícios.
A ideia de monetizar a “comunidade” foi um dos principais argumentos de venda do último negócio de Neumann, a WeWork. Embora ele tenha sido colocado para fora do cargo de CEO da WeWork em 2019, ele não desistiu do conceito.
O objetivo do Flow, explicou, é “encontrar uma forma de compartilhar com o morador uma parte do valor que ele ajuda a criar”. Esse valor “fará com que se sintam donos. E não é apenas propriedade, mas algo como “sinto que faço parte de algo” e, “na verdade, sinto possuo parte de algo”.
Neumann acrescentou rapidamente que “a palavra propriedade é uma palavra muito complicada”.
Mas, continuou ele, “se houver valor percebido e se isso se valorizar com o tempo, as pessoas vão sentir que fazem parte de uma comunidade”.
Um elemento importante da proposta de negócios é que os locatários que ficam mais tempo em uma propriedade são mais lucrativos, disse Neumann. Sua teoria é que as pessoas que têm um senso de propriedade permanecerão por perto.
Esse fator seria um benefício adicional para o Flow.
“Se você estiver em um prédio, for o locatário e seu banheiro entupir, reclama com alguém”, disse ele. “Se você está em seu próprio apartamento, comprou e é seu e seu banheiro entupiu, você chama o desentupidor.” Essa é a diferença, disse ele, “quando se sente dono de alguma coisa”.
Em termos gerais, o Flow terá quatro pilares, explicou:
- uma empresa de gerenciamento de propriedades que administra seus edifícios;
- um fundo imobiliário que possui os edifícios;
- uma empresa de serviços financeiros;
- e um “mecanismo que vai pegar parte do valor e compartilhá-lo com os criadores de valor.”
O projeto e a linguagem que Neumann usa para falar sobre a startup refletem alguns de seus interesses pessoais. O Flow, disse ele, oferecerá uma “experiência elevada” aos locatários; sob sua supervisão, a WeWork tornou famosa sua declaração de missão de “elevar a consciência do mundo”.
Ao discutir o braço de serviços financeiros do Flow, ele disse: “Pensamos nisso como bem-estar financeiro” - as ofertas de bem-estar da WeWork chegaram a incluir uma academia e um centro dedicado.
Desde que deixou a WeWork, Neumann entrou no mercado de criptomoedas, e o braço de serviços financeiros da Flow incluirá uma carteira digital para tais ativos, informou a Bloomberg News no ano passado. No evento, ele não entrou em detalhes sobre a criptomoeda ou como ela pode desempenhar um papel no produto de bem-estar financeiro da Flow ou uma mudança na propriedade.
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