Americanas consegue aval para empréstimo emergencial de R$ 2 bilhões

Lemann, Telles e Sicupira se comprometeram com R$ 1 bilhão para capital de giro e pagar fornecedores; companhia avisa que não pagará aluguel de shoppings

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São Paulo — A Americanas (AMER3) conseguiu o aval da Justiça para tomar um empréstimo-ponte de até R$ 2 bilhões, recursos que promete usar para manter suas operações. O trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, principais acionistas da companhia, se comprometeu a injetar ao menos metade dos recursos.

O grupo varejista em recuperação judicial (RJ) desde 19 de janeiro informou, na noite desta quinta-feira (9), que obteve a aprovação pelo juiz da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Paulo Assed Estefan, para a emissão de debêntures em empréstimo extraconcursal na modalidade DIP (debtor-in-possession) em até R$ 2 bilhões e com vencimento em até 24 meses.

Desse total, R$ 1 bilhão será financiado emergencialmente à companhia pelos acionistas de referência, o trio de bilionários da 3G Capital, por meio de emissão de debêntures não conversíveis em participação acionária, segundo o comunicado.

A companhia acrescentou que o financiamento DIP tem como objetivo ajudá-la a manter o curso normal de seus negócios, seu fluxo de caixa e reforçar sua liquidez.

“Em conjunto com outras fontes de recursos que estão sendo exploradas pela companhia, incluindo a liberação de valores retidos por determinados credores, permitirá manter os investimentos em capital de giro e financiar obrigações como o pagamento a fornecedores, empregados e parceiros”, concluiu a nota divulgada pela empresa.

A varejista disse ainda que o financiamento aprovado não conta com garantias e deverá ter remuneração equivalente ao custo médio de financiamento da companhia antes do pedido de Recuperação Judicial (cerca de 128% do CDI).

“Sem prejuízo ao compromisso firmado pelo acionista de referência e ao ingresso imediato dos recursos, a totalidade das debêntures que lastreiam o DIP será oferecida aos demais credores da Americanas, segundo edital a ser publicado. No caso de interessados, o acionista de referência se compromete a ceder até a totalidade das debêntures emitidas”, detalhou o comunicado.

Não-pagamento aos shoppings

Uma das urgências da varejista, que divulgou em 11 de janeiro um rombo de R$ 20 bilhões, é pagar o aluguel de suas lojas. Os administradores de shopping centers receberam nesta quinta um aviso da companhia sobre os procedimentos para o envio de cobrança, ao qual a Bloomberg Línea teve acesso. A empresa corrigia a data definida como parâmetro para calcular as dívidas dos credores.

“Por equívoco, constou o dia 19/01/2023 como data para apuração do valor e concursalidade dos créditos, quando o correto é dia 12/01/2023″, citou a notificação enviada às empresas locadoras.

A companhia terá de renegociar os valores desses débitos no processo de recuperação judicial. “As obrigações com o fator gerador anterior ao requerimento cautelar do dia 12/01/2023 submetem-se ao procedimento concursal, de modo que a sua exigibilidade está suspensa e a companhia encontra-se impedida de realizar o pagamento, por força da lei”, informa a notificação.

A companhia tem fechado lojas, mas nega que isso tenha relação com o processo de RJ. Em nota, a varejista confirmou à Bloomberg Línea o fechamento das unidades de Araraquara e Limeira, ambas no interior de São Paulo (SP), em janeiro.

Segundo a Americanas, o encerramento das atividades dessas duas lojas “faz parte de uma estratégia de otimização de espaços já em andamento desde 2022″.

A justificativa da companhia é a mesma para o fechamento do centro operacional de Fortaleza, no Ceará, em processo desde o segundo semestre, quando o centro de distribuição na cidade foi desativado.

“A Americanas reforça que a mudança não impacta nas entregas aos consumidores locais e que nenhum colaborador foi desligado. A operação do Ceará é suportada pelo centro de distribuição da Americanas localizado em Recife (PE), que se mantém conectado a parceiros de distribuição da região e às mais de 70 lojas Americanas no estado, que funcionam como mini centros de distribuição de produtos”, apontou.

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