Ações estão caras e devem cair nos próximos meses, diz estrategista do Citi

Para Mohammed Apabhai, mercado tem visão muito “dovish” e ainda não incorporou a possibilidade de juros dos EUA a 6%

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Bloomberg — Os traders estão ignorando o risco de um pico maior do que o esperado nas taxas de juros dos Estados Unidos, que pode resultar em uma liquidação dolorosa tanto em títulos de renda fixa quanto em ações, de acordo com o chefe de estratégias da Ásia-Pacífico do Citigroup (C).

Segundo Mohammed Apabhai, as ações nos mercados dos EUA à Europa, de Hong Kong à Coreia parecem supervalorizadas e devem cair nos próximos três a quatro meses, com o dólar se preparando para subir junto com as expectativas de aumento das taxas.

O valor justo no índice S&P 500 cairá abaixo de 3.500 este ano – uma queda de cerca de 15% em relação aos níveis atuais – e o índice Hang Seng deve apagar seus ganhos acumulados no ano e cair ainda mais, disse ele.

“Para ficar otimista com as ações você vai precisar ver o dólar cair mais 10% e isso vai ser difícil se o Federal Reserve aumentar as taxas de uma forma que o mercado não espera”, disse ele em uma entrevista em Hong Kong. “O que estou defendendo é continuar com as posições vendidas [aposta na queda] em ralis de ações.”

O estrategista de Hong Kong disse que um risco que o mercado ainda não precificou é o da taxa de juros dos EUA em 6%.

Os traders de títulos reagiram a uma série de comentários agressivos recentes de autoridades do Fed, mas só colocaram no preço taxas de pico de pouco mais de 5% no final deste ano, um nível em linha com as projeções dos formuladores de políticas.

Os investidores ainda estão apostando que uma recessão nos EUA levará a um pivô do Fed para cortes nas taxas até o final de 2023.

“Acho que o mercado de curva futura está incorreto”, disse Apabhai. “De qualquer forma, o mercado de taxas é muito dovish, mas a baixa nas taxas provavelmente ocorrerá após um ponto extremo do lado hawkish. O mercado ainda não testou essa possibilidade.”

Embora Apabhai seja bullish em títulos, ele disse que é prematuro comprar Tesouro até que os rendimentos de 10 anos estejam acima de 4,25%. Ele vê um aumento no ritmo do aperto quantitativo que turbinaria o dólar e pesaria sobre os ativos dos mercados emergentes.

“Não achamos que as oportunidades em títulos chineses ou em títulos de mercados emergentes asiáticos sejam tão atraentes quanto eram quando você pensava que o dólar seria mais fraco”, disse ele. “A baixa do dólar acabou.”

Os títulos chineses enfrentam pressão adicional com o aumento do risco geopolítico, acrescentou.

“No momento, temos muitas contradições no mercado”, disse Apabhai. “O processo de ajuste pode ser doloroso para os mercados de taxas, títulos e ações.”

-- Com a colaboração de Edward Bolingbroke

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