Bradesco tem queda no lucro e provisão de R$ 4,9 bi por exposição a Americanas

Banco, cuja rentabilidade medida pelo ROE recuou para 13,1% em 2022, espera melhorar o indicador para 18% em 2023

Bradesco é o banco nacional com maior dívida a receber do grupo varejista (R$ 4,9 bilhões), conforme a lista de credores divulgada pela própria Americanas
09 de Fevereiro, 2023 | 08:25 PM

São Paulo — O Bradesco (BBDC4) registrou lucro de R$ 1,595 bilhão no 4º trimestre, uma queda de 69,5% em três meses, um resultado afetado por uma provisão de R$ 4,9 bilhões, referente a 100% de exposição de crédito para Americanas (AMER3).

Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a redução no lucro líquido recorrente foi de 75,9%. O ROE (retorno sobre patrimônio) acumulado, indicador de rentabilidade, caiu cinco pontos em 12 meses para 13,1%.

O CEO do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse, em comunicado, que o banco está trabalhando para alcançar um retorno recorrente de pelo menos 18%.

O executivo explicou que o balanço foi afetado pelo impacto negativo da margem com o mercado; aumento da inadimplência no crédito para o segmento massificado de pessoas físicas e jurídicas em razão da alta da inflação, que afetou a renda dos clientes; e, adicionalmente, uma provisão de R$ 4,9 bilhões para um “cliente específico do atacado”, sem citar nominalmente a Americanas.

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O Bradesco é o banco nacional com maior dívida a receber do grupo varejista (R$ 4,9 bilhões), conforme a lista de credores divulgada pela própria Americanas. “Ao final do exercício, chegamos a um lucro líquido de R$ 20,7 bilhões, apesar da provisão integral para um cliente específico”, apontou o executivo.

Lazari Junior voltou a alertar sobre o impacto da inflação elevada na renda dos clientes, dizendo que o resultado 2023 será ainda impactado por maiores provisões.

“No segmento massificado o crescimento de provisões acompanhará a expansão da carteira, e, no atacado, teremos provisões normalizadas”, disse Lazari Junior.

O CEO destacou ainda a velocidade com que a inflação se disseminou no país desde 2021. “Isso aconteceu de forma muito mais rápida e intensa do que esperávamos ao longo de 2022, processo que foi agravado pelo aumento do preço dos alimentos e combustíveis”, mencionou.

O executivo reconheceu que a instituição está sofrendo com a inadimplência. “O Bradesco possui historicamente uma importante exposição aos segmentos de baixa renda e pequenas empresas. Nós consideramos esse posicionamento de mercado estrategicamente correto, mesmo que neste ciclo estejamos sofrendo com a inadimplência”, afirmou.

Na manhã de sexta-feira (10), o Lazari Junior comentará os números do balanço com a imprensa e com analistas.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.