Atenção, Google: Microsoft revela versão do Bing com inteligência artificial

Novo mecanismo de busca roda em um modelo de linguagem OpenAI que é mais avançado do que o do ChatGPT

Nova versão deve ficar mais competitiva com tecnologia do ChatGPT
Por Dina Bass
08 de Fevereiro, 2023 | 09:11 AM

Bloomberg — A Microsoft (MSFT) revelou planos de usar novas ferramentas da startup OpenAI para melhorar seus serviços de busca e navegação na Internet pouco usados, buscando ganhar terreno contra o líder de mercado Google (GOOGL) por ser o primeiro a oferecer respostas de conversação alimentadas por inteligência artificial.

A empresa revelou uma nova versão de seu mecanismo de busca Bing e do navegador Edge que incorporam tecnologia da OpenAI, criadora do chatbot viral ChatGPT, uma reformulação projetada para facilitar a criação de conteúdo e a busca de respostas na web pelos usuários.

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“Esta tecnologia vai reformular praticamente todas as categorias de software”, disse o CEO da Microsoft, Satya Nadella, em um evento na terça-feira (7) na sede da empresa em Washington, nos Estados Unidos. É “mais que hora” de a inovação ser levada para a busca na internet, disse ele.

O novo Bing, que roda em um modelo de linguagem OpenAI que é mais avançado do que o do ChatGPT, pode ser ativado e desativado no modo de bate-papo, e os usuários podem tocar no bot para compor e-mails.

Já o novo navegador Edge adiciona o Bing baseado em IA para bate-papo e escrita de texto, e pode resumir páginas da Web e responder a consultas de forma conversacional. As respostas vêm com citações de suas fontes, para que os usuários possam ver de onde vêm as informações.

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Uma enxurrada de anúncios de produtos da Microsoft e do Google nas últimas semanas ocorre em meio a um foco súbito e intenso na IA generativa, que pode gerar novos conteúdos a partir de documentos digitais de texto, fotos e artes.

Na semana passada, a Microsoft lançou um programa de gerenciamento de clientes que usa ferramentas de geração de texto OpenAI para redigir e-mails para vendedores e intensificou o nível premium de seu software de bate-papo e reunião Teams com notas pós-reunião escritas por IA.]

Recentemente, a Microsoft anunciou um investimento multibilionário na OpenAI, solidificando os laços com a startup para obter informações privilegiadas sobre seus modelos de inteligência artificial como ChatGPT e Dall-E, que atraíram milhões de usuários em apenas alguns meses.

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Além da busca, os executivos da Microsoft disseram que querem adicionar a tecnologia da OpenAI ao software de produtividade Office, programas de segurança e ferramentas de videogame.

Novo Bing

A nova caixa de consulta de pesquisa do Bing pode aceitar até mil caracteres. Em uma demonstração, o vice-presidente da Microsoft, Yusuf Mehdi, perguntou ao mecanismo de bate-papo sobre os eventos em Scottsdale, Arizona, durante o Super Bowl deste fim de semana.

O novo buscador retornou informações sobre uma festa da semana do Super Bowl, um evento culinário e outros acontecimentos relacionados.

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O serviço aprimorado também pode estimar se um sofá de dois lugares da marca Ikea caberá em uma minivan Honda Odyssey 2019 – o Bing disse a Mehdi que não tinha certeza e que iria depender se a segunda e a terceira fileira do veículo estariam dobradas.

Questionado sobre um substituto do ovo nas receitas, o Bing ofereceu várias opções e as medidas de cada uma que equivalem a um ovo. Também discutiu as características de cada substituto, como o que deixaria a receita mais “fofa”.

A Microsoft disse que a nova versão do Bing já está disponível como uma prévia, o que significa que os usuários podem tentar um número limitado de consultas.

As pessoas também podem entrar em uma lista de espera para ter acesso total, que a empresa espera expandir para milhões nas próximas semanas, disse Mehdi. Ele também pretende trazer os recursos de pesquisa de IA para navegadores rivais.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, apareceu no evento para divulgar a parceria da empresa com a Microsoft. “Estamos muito gratos por ter um parceiro para compartilhar nossa visão e valores de construção de IA avançada que é segura e terá um impacto muito positivo na sociedade”, disse ele.

Google vs. Microsoft

O Google, da Alphabet, cujo mecanismo de busca detém quase 90% do mercado, usa IA, mas se baseia em um modelo de linguagem mais antigo.

Do ponto de vista competitivo, o domínio de longa data do Google significou que o mercado se tornou enfadonho, com o Bing, de 14 anos, e outros iniciantes incapazes de fazer incursões significativas.

Embora partes do design básico da página e dos recursos dos principais players tenham sido aprimorados ao longo dos anos, o formato dos resultados da pesquisa – uma lista de links – permanece.

O ChatGPT e outros produtos generativos de pesquisa de IA visam mudar isso, substituindo links que podem ou não abordar a consulta de um usuário por uma resposta contextual e conversacional.

Os riscos dessa abordagem crescente são que imprecisões ou informações erradas podem se infiltrar nas respostas e – dependendo de como os resultados são apresentados – os usuários podem não conseguir dizer a fonte ou a veracidade das informações que o serviço forneceu como uma resposta definitiva.

Nos últimos meses, a unidade de IA do Google perdeu força e ultimamente foi ofuscada pela OpenAI. A empresa maior está estagnada, sem saber se deve ou quando irá lançar seu trabalho e como inovar sem colocar em risco seus principais negócios de pesquisa e publicidade.

Em dezembro, os funcionários do Google perguntaram ao CEO Sundar Pichai e ao chefe de pesquisa de IA, Jeff Dean, sobre a concorrência do ChatGPT.

Segundo a rede americana CNBC, os executivos responderam que, ao contrário das startups, que podem lançar rapidamente novas ferramentas para o público, o Google enfrenta um grande risco de reputação devido a erros, porque já possui bilhões de usuários.

O sucesso do ChatGPT e o aumento do investimento da Microsoft em seu desenvolvedor parecem ter acelerado a linha do tempo de Pichai. A administração do Google mobilizou equipes de pesquisadores para responder ao ChatGPT, declarando a situação uma ameaça de “código vermelho”.

Na segunda-feira (6), o Google disse que seu próprio serviço de IA conversacional, Bard, será testado por desenvolvedores confiáveis e que a empresa está preparando o serviço para o público “nas próximas semanas”.

O objetivo do Bard é gerar respostas detalhadas quando recebem instruções simples, como o que fazer para o almoço ou como planejar o chá de bebê de uma amiga, disse o Google. O serviço é baseado no LaMDA, o sistema de modelo de linguagem para aplicativos de diálogo do Google.

A Microsoft, por sua vez, tem reforçado cada vez mais sua aposta em recursos de inteligência artificial, buscando agregar novas capacidades aos produtos corporativos e de consumo existentes e criar novas experiências.

A empresa está investindo no espaço, mesmo que reduza de outras maneiras – a companhia demitiu 10 mil funcionários e alertou sobre uma desaceleração nas vendas de software de nuvem e negócios pelo resto do ano fiscal que termina em junho.

Embora a Microsoft tenha se alinhado com a OpenAI, o Google também está investindo quase US$ 400 milhões na startup de IA Anthropic, que está testando um rival do ChatGPT chamado Claude, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

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