Americanas: gestora quant dos EUA compra 5,3% da companhia após rombo

Desde as revelações, as ações da Americanas caíram 91% na bolsa e os títulos de dívida externa foram reduzidos a poucos centavos por dólar

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Bloomberg — A AQR Capital Management, gestora quant dos Estados Unidos co-fundada por Cliff Asness, está entre os compradores recentes de ações da Americanas (AMER3), em meio a uma mudança na base de investidores na esteira do escândalo contábil de R$ 20 bilhões.

O fundo agora possui 5,3% da Americanas, de acordo com documento regulatório no Brasil, onde os investidores são obrigados a notificar as autoridades quando sua participação acionária excede determinados níveis.

Outros documentos mostram que gestores mais convencionais, incluindo a BlackRock, a Capital Internacional Investors e a Nuveen LLC, reduziram exposição ao papel neste ano.

As ações caíram 91% e os títulos de dívida externa foram reduzidos a poucos centavos por dólar desde as revelações, em janeiro, do rombo bilionário em inconsistências contábeis na varejista, que entrou com pedido de recuperação judicial.

Agora, enquanto os gestores tentam avaliar o valor que podem extrair da Americanas, os detentores dos papéis estão mudando de investidores institucionais para fundos de distressed, especialistas em crédito inadimplente e fundos quantitativo como o AQR, que contam com estratégias baseadas em regras para determinar o que e quando realizar as operações dos ativos.

AQR, BlackRock e Capital não comentam. A Nuveen não respondeu a um pedido de comentário enviado por email.

O mercado de dívida passa por um movimento semelhante em meio a vendas de investidores cujos mandatos restringem a qualidade de crédito dos títulos que podem deter.

As notas com vencimento em 2030 emitidas pela B2W Digital, unidade da Americanas, despencaram para apenas 13 centavos de dólar em meio à crise, segundo dados da Trace.

A Truxt Investimentos, gestora de recursos com sede no Rio de Janeiro, construiu recentemente uma posição na Americanas, abocanhando títulos locais e globais.

É uma aposta pequena, mas o título negociando a esses níveis “pode ser interessante”, disse o diretor de investimentos Bruno Garcia em um evento em São Paulo na semana passada.

A Sparta Fundos de Investimento mantém as debêntures que possuía antes do escândalo, na perspectiva de que os preços devem se recuperar.

“Acreditamos que o valor de recuperação é significativamente maior, mas os impactos positivos devem acontecer ao longo do tempo”, disse o fundo, em carta a cotistas.

Outros investidores estão apenas observando, enquanto esperam para ver se os principais acionistas da companhia – o trio bilionário Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles – vão injetar mais capital ou fechar um acordo com os credores.

Eles consideram apoio financeiro, e Sicupira assumiu as negociações com os bancos para buscar uma solução negociada.

“Há muitos ativos que podem ser recuperados, mas até que toda a extensão seja conhecida, ainda pode ser volátil”, disse Oren Barack, diretor-gerente de renda fixa da AGP Alliance Global Partners em Nova York. “É difícil dizer o que estará disponível na reestruturação.”

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