Bloomberg — O rali do bitcoin (XBTUSD) em 2023 se estagnou depois de chegar perto de atingir uma alta vista pela última vez quando o token batia recordes de valor.
A queda de quase 4% da moeda nos sete dias até domingo (5) foi a maior perda semanal desde novembro, reduzindo seu ganho acumulado no ano para 38%. Nesta segunda-feira (6), operava em leve queda de 0,14%, às 9h55 (horário de Brasília), aos US$ 22.904,90.
O preço-médio de 50 dias do bitcoin está prestes a superar o preço-médio de 200 dias, uma marca importante no mercado que é chamada de “cruz de ouro” (golden cross, em inglês). A última vez que isso ocorreu foi antes das altas de 2020 e 2021.
“A maioria dos casos de uma cruz de ouro resultou em retornos favoráveis para o bitcoin, e muitos ocorreram em pontos críticos de inflexão de longo prazo”, escreveu Sean Farrell, chefe de estratégia de ativos digitais da Fundstrat Global Advisors, em nota.
Nos últimos cinco anos, o bitcoin subiu em média 22% nos 60 dias após atingir uma cruz de ouro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Mas a diferença entre a fase de 2020 e 2021, quando o bitcoin estava batendo recordes, e o cenário atual é que os bancos centrais estão aumentando as taxas de juros para combater a inflação.
A divulgação do relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos, com dados mais fortes que o esperado na sexta-feira (3), prejudicou as expectativas de que esse aperto na política monetária terminará em breve e talvez seja revertido este ano.
As apostas de flexibilização da política monetária impulsionaram um renascimento em janeiro nos mercados globais. Essa recuperação favoreceu tokens grandes e pequenos.
O relatório de empregos aumentou os rendimentos dos títulos do Tesouro, que têm sido um fator-chave para influenciar a demanda por investimentos mais arriscados, de acordo com John Toro, chefe de negociação da bolsa de ativos digitais Independent Reserve.
‘Rendimentos mais altos’
“Se for verdade que o mercado de títulos continua liderando para ativos de risco, o mercado de criptomoedas pode respirar até que os ativos de risco sejam devidamente reavaliados para rendimentos mais altos”, disse ele.
A indústria de ativos digitais também enfrenta desafios contínuos das consequências da derrota profunda do ano passado e do colapso de negócios como a bolsa FTX.
Milhares de empregos foram perdidos apenas neste ano, mais recentemente 83 demissões na plataforma cripto Bittrex e cerca de um quinto da força de trabalho no Protocol Labs, o desenvolvedor do token Filecoin.
Os dados coletados pela CoinGecko indicam que as demissões no setor cripto em janeiro — quase 3.000 — foram as mais altas do ano passado, exceto junho de 2022, durante o rescaldo da queda de US$ 60 bilhões do ecossistema TerraUSD.
-- Com a colaboração de Sidartha Shukla, Sunil Jagtiani e Akshay Chinchalkar
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