Bloomberg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou as críticas ao nível atual da taxa de juros, no momento em que os investidores apostam que o Banco Central poderá ter de aumentar a Selic ainda mais para controlar as expectativas de inflação em alta.
Lula chamou a postura do banco central sobre as taxas de “vergonha” e instou as empresas a reclamarem sobre os custos dos empréstimos.
“Não há justificativa” para que a Selic permaneça no nível atual de 13,75%, disse Lula na segunda-feira (6) durante a cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES, no Rio de Janeiro.
Os mercados estão cada vez mais preocupados com os comentários do presidente. Os investidores, que em outubro esperavam cortes de juros já em março, agora apostam em um aumento adicional de 0,25 ponto até maio. Um corte de juros só é previsto agora para o final do ano. A maioria dos economistas consultados pelo BC projeta início do ciclo de flexibilização apenas em novembro.
Críticas ao BC
O presidente está em conflito há semanas com o Banco Central por manter as taxas de juros altas para conter os aumentos dos preços ao consumidor, uma estratégia que Lula diz estar prejudicando o crescimento e prejudicando os mais necessitados do Brasil.
Os diretores do BC mantiveram as taxas inalteradas na semana passada, citando preocupações com o aumento das expectativas de inflação que estão “se afastando” de suas metas em um cenário fiscal “particularmente incerto”.
Lula disse que sua crítica não é sobre a independência do Banco Central ou não, mas sim sobre o fato de a instituição continuar mantendo as taxas altas. No Brasil, “o problema é que existe uma cultura de viver com juros altos e que não combina com necessidades e investimentos”.
Os atuais níveis da Selic tornam “impossível” impulsionar o crescimento, disse Lula em entrevista anterior à TV, transmitida no mês passado, acrescentando que considerava a lei de autonomia do banco “absurda” e sugerindo uma meta de inflação mais alta, de 4,5%.
--Com a ajuda de Martha Beck e Maria Eloisa Capurro.
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