Por que o corte na remuneração de CEOs é a nova tendência corporativa nos EUA

Intel e Bank of America são os exemplos mais recentes de como as grandes empresas se preparam diante da desaceleração da economia e dos negócios

Pat Gelsinger, CEO da Intel: corte de 25% no salário neste ano, junto com reduções para a diretoria e escalões mais baixos
05 de Fevereiro, 2023 | 11:52 AM

Bloomberg Línea — Quando a Intel (INTC) anunciou o corte de 25% do salário-base do CEO Pat Gelsinger na semana que passou, a gigante mundial de chips não estava sozinha. A redução da remuneração dos executivos mais poderosos na maior economia do mundo começa a se tornar uma das novas tendências corporativas diante da iminência de uma recessão e da necessidade de preservar caixa.

“Enquanto continuamos a navegar com ventos macroeconômicos contrários e a trabalhar para reduzir custos em toda a empresa, fizemos vários ajustes em nossos programas de remuneração e recompensas de funcionários para 2023″, disse a Intel em comunicado. A equipe de liderança executiva da companhia sofrerá um corte de 15% do pacote de pagamentos neste ano.

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A desaceleração do crescimento ou até a retração das vendas na indústria de tecnologia tem impactado até as big techs, como a mais valiosa do mundo, a Apple (AAPL). Em janeiro, o CEO Tim Cook propôs a redução de 40% no seu total compensation para o ano de 2023, algo que acabou aprovado pelo conselho de administração.

Cook continuará como um dos CEOs mais bem pagos do mundo, com US$ 49 milhões em remuneração total. Outra mudança é que os pagamentos em restricted stock units condicionadas à performance da Apple na bolsa vai subir de 50% para 75% do total que receberá em ações.

Na reunião com funcionários dias depois do anúncio da demissão de 12 mil trabalhadores, o CEO do Google (GOOGL), Sundar Pichar, disse que todos os executivos com posição acima do nível de vice-presidente sênior terão uma redução significativa do bônus, sem revelar qual será o percentual.

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Até os bancos de Wall Street estão promovendo cortes nos salários dos CEOs e de olho no retrovisor, com base na desaceleração dos negócios principalmente em Investmen Banking (IB) com os juros em elevação. Demissões também estão sendo anunciadas.

Na sexta-feira (3), o Bank of America (BAC) anunciou que o total compensation do CEO Brian Moynihan caiu 6,3% para o ano de 2022, para um valor de US$ 30 milhões. Foram US$ 1,5 milhão em salário-base e US$ 28,5 milhões em pagamento com base em ações.

E Moyniham não esteve sozinho nos dados referentes a 2022. David Solomon, CEO do Goldman Sachs (GS), sofreu corte de caiu 30% no sua remuneração total, para US$ 25 milhões; James Gorman, do Morgan Stanley (MS), passou por um corte salarial de 10%, para US$ 31,5 milhões.

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Jamie Dimon, CEO do JPMorgan (JP), o maior banco americano, manteve seu total compensation de US$ 34,5 milhões, mas o conselho decidiu não pagar novamente ao executivo-chefe mais longevo de Wall Street (desde 2005) um “prêmio especial” da ordem de US$ 50 milhões concedido em 2021.

Apesar da redução, a remuneração total dos executivos continua na casa do milhão de dólares na média mensal. A média de pagamento nas 500 maiores empresas com capital aberto dos Estados Unidos no ano fiscal de 2021 foi de US$ 14,2 milhões, segundo dados mais recentes da Equilar. Foi um aumento da ordem de 19% em relação a 2020. No caso dos CEOs de techs, o pagamento foi de US$ 19,1 milhões.

- Com a colaboração de Katherine Doherty e Ian King, da Bloomberg News.

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