Bloomberg — A preferência dos elefantes por folhas saborosas e grandes frutas doces está ajudando a mitigar o aquecimento global, segundo novas pesquisas que mostram a importância de proteger os herbívoros gigantes da extinção.
Os elefantes asiáticos e africanos gostam de comer folhas de árvores pequenas e folhosas, deixando mais espaço para que árvores maiores cresçam. Estas absorvem e armazenam mais dióxido de carbono e, como resultado, as florestas com elefantes retêm mais carbono do que as florestas sem elefantes, de acordo com um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences Ecology no início desta semana.
As descobertas traçam uma ligação direta entre a conservação dos herbívoros gigantes e a capacidade das florestas de armazenar carbono. O estudo foi divulgado semanas após a cúpula da biodiversidade da ONU, na qual os países firmaram um acordo histórico para garantir a proteção de um terço da terra e dos oceanos do planeta até 2030. Espera-se que o acordo incentive o setor financeiro a precificar recursos naturais que outrora foram tratados como gratuitos.
O elefante africano das florestas está classificado como “criticamente ameaçado” de extinção, ao passo que o elefante da savana está classificado como “ameaçado” pela União Internacional para a Conservação da Natureza, uma organização internacional composta por governos e organizações da sociedade civil que estuda e classifica o status de diferentes espécies.
Cerca de 80% da população de elefantes africanos das florestas desapareceu em menos de um século, uma tendência que é contínua e provavelmente irreversível, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). A diminuição de seu habitat natural à medida que a população humana se expande e a caça continua desenfreada estão entre as principais causas do declínio.
No entanto, os animais também contribuem para a biodiversidade e a captura de carbono através da disseminação de sementes embutidas em seus excrementos, segundo pesquisadores. Os elefantes das florestas percorrem grandes distâncias e têm uma ingestão diária de alimentos entre 100 e 200 quilos de mais de 350 espécies. Como resultado, eles movimentam mais sementes de mais espécies do que qualquer outro animal.
Os pesquisadores combinaram um conjunto de dados inéditos com dados públicos e chegaram a um modelo que analisou cerca de 200 mil registros de alimentação abrangendo cerca de 800 espécies de plantas. Os dados de alimentação de elefantes foram coletados no Parque Nacional Nouabalé-Ndoki, na República do Congo, enquanto os inventários de florestas foram feitos perto do Parque Nacional de Salonga, na República Democrática do Congo.
Em um mundo sem elefantes, árvores menores e mais folhosas prosperariam, e árvores maiores não teriam tanto espaço para crescer e não se espalhariam tão rápido. Em geral, isso resultaria em uma capacidade menor das florestas para capturar e armazenar carbono. A simulação realizada por pesquisadores mostrou que, sem elefantes, a capacidade de armazenar carbono seria diminuída em 5,8% e 9,2% para as florestas estudadas na República do Congo e na República Democrática do Congo, respectivamente.
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