Lula compara Lemann a Eike Batista ao comentar colapso da Americanas

Presidente diz que empresário era considerado o mais bem-sucedido do mundo, mas que ‘cometeu fraude de R$ 40 bilhões’, em entrevista ao UOL e à Rede TV

O presidente Lula criticou o caso do rombo contábil da Americanas, que chamou de fraude (Arthur Menescal/Bloomberg)
02 de Fevereiro, 2023 | 09:12 PM

Bloomberg Línea — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “fraude” o escândalo contábil que culminou com a crise da Americanas (AMER3), acusando o empresário Jorge Paulo Lemann pelas práticas ilegais.

Lula também comparou o caso Americanas e o desfecho esperado ao que aconteceu com o empresário Eike Batista, que se tornou uma das pessoas mais ricas do mundo nos anos 2000 antes de ver o seu império ruir com negócios que não cumpriram o prometido e acabou condenado pela Justiça.

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As declarações de Lula foram dadas em entrevista que será transmitida nesta noite de quinta-feira (2) pelo UOL e pela Rede TV.

“Nada como um dia após o outro. Esse Lemann era vendido como suprassumo do empresário bem-sucedido no planeta Terra. Era o cara que financiava jovens para estudar em Harvard para formar um novo governo, um cara que falava contra a corrupção todo dia”, disse o presidente.

“E depois ele comete uma fraude que pode chegar a R$ 40 bilhões. Fora que me parece que está chegando na Ambev também. Vai acontecer o que aconteceu com o Eike Batista. As pessoas vendem uma ideia [do] que elas não são na verdade”, completou Lula ao ser questionado sobre o caso.

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Os R$ 40 bilhões citados pelo presidente são, na verdade, uma estimativa do tamanho da dívida da Americanas considerando o rombo contábil revelado da ordem de R$ 20 bilhões. Em decorrência da situação, a empresa entrou em recuperação judicial, suspendendo o pagamento das dívidas.

O presidente também criticou o que considerou pouca ou nenhuma reação do mercado ao caso, fazendo um paralelo com o que acontece quando defende o aumento de gastos sociais.

Eike, por sua vez, foi investigado e condenado por crimes contra o mercado de capitais, como manipulação de mercado e insider trading (uso de informação privilegiada para operar).

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O que diz Lemann

O empresário se pronunciou apenas uma vez sobre o caso da Americanas, empresa que controlou por quatro décadas, até 2021, ao lado de seus parceiros de longa data Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira e da qual ainda são os principais acionistas.

Em nota pública no último dia 23 de janeiro, Lemann, Telles e Sicupira se defendem e dizem que não sabiam das práticas contábeis que levaram ao rombo de R$ 20 bilhões.

“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia”, escreveram Lemann, Telles e Sicupira na nota assinada na ocasião.

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