Bloomberg Línea — A V.tal, empresa de rede de fibra óptica controlada pelo BTG Pactual (BPAC11), está ampliando seu parque de data centers no Brasil e na Colômbia, de olho no crescimento dos negócios com o avanço da tecnologia 5G. O investimento total para expandir sua infraestrutura digital chega a R$ 4,5 bilhões, incluindo todas as frentes de negócio que contemplam a expansão dos data centers, o aumento do número de casas com internet de fibra óptica, além da atualização da rede que acomoda as demandas cada vez maiores de baixa latência e alta velocidade.
Um dos projetos inclui um novo edge data center em Fortaleza, que recebeu investimentos de mais de R$ 200 milhões e foi inaugurado pela empresa nesta sexta-feira (3). A unidade é a segundo do tipo da companhia na capital cearense.
A expectativa da empresa é que o avanço da rede móvel de quinta geração da telefonia móvel (5G) irá permitir o crescimento de serviços mais sofisticados de tecnologia na área de internet das coisas, veículos autônomos e robotização industrial, por exemplo, com alto volume de tráfego de dados.
Esses serviços, de acordo com a V.tal, vão depender do desenvolvimento da infraestrutura digital, daí a lógica de fazer os investimentos com a esperança de colher melhores oportunidades de negócios.
À Bloomberg Línea, Eduardo Silveira, vice-presidente de estratégia da V.tal, disse que a expectativa é ver uma “mini revolução industrial” com a expansão das redes privadas de 5G. “Fora do eixo Rio-São Paulo, não existem tantos data centers. Por isso, esta facility em Fortaleza é importante e um marco para nós”, afirmou.
A V.tal nasceu a partir da venda do controle da unidade de fibra óptica da Oi para fundos geridos pelo BTG Pactual em junho passado. A empresa de telecom, que voltou a pedir proteção contra credores nesta semana e sinalizou que deve buscar uma nova recuperação judicial, ainda é acionista minoritária e cliente relevante da companhia de fibra, mas não participa da gestão.
Investimentos de R$ 4,5 bilhões
No total, o capex (investimento) da companhia para todas as suas frentes de negócio que contemplam a expansão dos data centers chega a R$ 4,5 bilhões, segundo o executivo. Batizado de “Big Lobster”, o novo edge data center está integrado à sua estação de chegada de cabos submarinos (CLS, Cable Landing Station) na Praia do Futuro.
A CLS, que opera desde 2002, é fundamental para toda a internet brasileira, pois nessa estação está o chamado PIX (ponto de troca de tráfego) central do Ceará, que registra o terceiro maior volume de tráfego de internet do Brasil. Isso permite que operadoras e provedores troquem tráfego diretamente e acessem conteúdo de grande interesse dos usuários, como plataformas de streaming como Netflix (NFLX), Apple TV+, Amazon Prime, Disney+, HBO Max, Globoplay e Star+.
Por ser um dos pontos do território brasileiro mais próximos de outros continentes, Fortaleza tem uma grande concentração de cabos submarinos de fibra óptica que interligam o Brasil a outras regiões do mundo.
Com a nova unidade no Ceará, a V.tal passar a contar com quatro edge data centers em operação (dois em Fortaleza, um no Rio de Janeiro e outro em Barranquilla, na Colômbia), conectados por 26 mil quilômetros de cabos ópticos submarinos que ligam o Brasil à Argentina, Venezuela, Colômbia, Bermudas e aos EUA.
“Edge data center” é um centro menor de processamento de dados localizado na borda (edge) da rede, ou seja, mais próximo das fontes dos dados, o que reduz a latência no acesso.
“Esse novo sítio terá papel estratégico para melhorar ainda mais as nossas operações, tanto no Brasil quanto nos demais países em que atuamos”, disse Cícero Olivieri, vice-presidente de engenharia da V.tal.
Maior demanda
O setor de TI tem ampliado presença no Nordeste devido ao aumento da demanda por infraestrutura digital com a chegada de multinacionais na região, como a Amazon (AMZN), gigante norte-americana do e-commerce, que abriu um Centro de Distribuição (CD) no Ceará em 2021.
“O 5G vai possibilitar uma mini revolução industrial de infraestrutura para redes privadas. Isso tornará possível o funcionamento de um CD com robôs, o uso de veículos pesados autônomos em operações de mineração”, disse Silveira.
Na prática esses investimentos em infraestrutura digital realizados por empresas como a V.tal se traduzem, por exemplo, em maior velocidade de conectividade e maior capacidade de transmissão de dados. Uma das principais causas da latência da rede é a distância entre os dispositivos dos clientes e os servidores que respondem a suas solicitações.
“A V.tal vai investir na ampliação do seu parque de data centers, porque complementa a nossa capilaridade e presença em todas as regiões do Brasil, além de atender às demandas presentes e futuras dos nossos clientes, em função de inovações e novas tecnologias que têm surgido”, reforça o vice-presidente de estratégia da companhia.
Para ampliar geograficamente o alcance de seus negócios, as chamadas empresas OTT (Over The Top, distribuidoras de conteúdo audiovisual), como Netflix, Google, Facebook e Amazon, e as companhias do setor de telecomunicações dependem de infraestrutura digital que suporte a maior demanda por transmissão de dados.
“Além dos já conhecidos projetos em Fortaleza, Barranquilla e, futuramente, no Rio Grande do Sul, já iniciamos estudos para a construção de outro data center aqui na região Nordeste”, afirmou Silveira, sem revelar o nome do estado.
Na região Sul, a V.tal vai implantar um edge data center de 4MW na cidade de Porto Alegre, de olho na captação de clientes dos países do cone sul que fazem fronteira com o Brasil. Segundo a companhia, o terreno na capital gaúcha já foi adquirido no final de 2022, e a construção de mais essa estrutura de edge computing integra o plano de expansão da V.tal.
Colômbia
Além do Ceará e do Rio Grande do Sul, a V.tal também está ampliando sua capacidade em Barranquilla, na Colômbia, onde possui uma CLS e um edge data center integrados com capacidade, com a inauguração ainda no primeiro semestre de um segundo site.
As demandas por mais velocidade e menor latência estão cada vez maiores no mundo todo devido às novas aplicações e tecnologias. Isto requer cada vez mais edge data centers e investimento em aumentar a capacidade e capilaridade da rede para viabilizar aplicações de IoT (Internet das Coisas), metaverso, entre outros”, segundo Bento Louro, vice-presidente de wholesale da V.tal.
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