Credit Suisse: vazamento de dados de US$ 100 bilhões enfrenta investigação

PGR da Suíça está investigando atos suspeitos de espionagem corporativa, quebra de segredos comerciais e violações das leis de sigilo bancário

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Bloomberg — Promotores suíços estão investigando um vazamento de dados envolvendo milhares de ex-clientes do Credit Suisse (CS) que supostamente detinham US$ 100 bilhões com o banco, em um caso que pode prejudicar os esforços para aumentar a transparência no país.

A Procuradoria Geral da República da Suíça confirmou que está investigando atos suspeitos de espionagem corporativa, quebra de segredos comerciais e violações das leis de sigilo bancário depois que as informações sobre 18.000 contas vazaram para um consórcio internacional de mídia.

Os jornalistas publicaram uma série de denúncias em fevereiro passado sob o slogan “Suisse Secrets” (segredos suíços, em tradução livre), que relatou que a lista de clientes incluía barões da droga e cleptocratas.

A investigação precisava da aprovação do governo federal porque as alegações de espionagem são consideradas uma “infração política”, disse o gabinete do procurador-geral. O banco se recusou a comentar.

O movimento destaca até que ponto a Suíça vai para proteger o sigilo bancário, um princípio consagrado na lei penal suíça. A investigação também deve intensificar as críticas internacionais à tendência da Suíça de processar o denunciante, em vez da atividade criminosa exposta no vazamento.

Um denunciante anônimo deu a informação ao jornal alemão Sueddeutsche Zeitung, que compartilhou os dados com um grupo de jornalismo sem fins lucrativos e dezenas de outras organizações de notícias em todo o mundo.

Mas a Tamedia, do respeitado jornal suíço-alemão Tages-Anzeiger, que já trabalhou em tais projetos colaborativos no passado, disse que não poderia trabalhar no Suisse Secrets por causa do risco de infringir a lei de sigilo bancário.

Quando os vazamentos foram publicados, há um ano, o CS emitiu um comunicado dizendo que aproximadamente 90% das contas revisadas foram encerradas ou estavam em processo de encerramento.

Segundo a instituição financeira, os relatos da mídia “parecem ser um esforço concentrado para desacreditar não apenas o banco, mas o mercado financeiro suíço como um todo, que passou por mudanças significativas nos últimos anos”.

-- Com a colaboração de Myriam Balezou

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