Bloomberg Línea — O conselho de administração da Americanas (AMER3), em processo de recuperação judicial, afastou três diretores e três executivos, segundo fato relevante divulgado no fim da tarde desta sexta-feira (3). A decisão foi comunicada com o argumento de que a empresa busca preservar documentos e provas nas investigações das autoridades sobre o seu escândalo contábil da ordem de R$ 20 bilhões.
Os diretores Anna Christina Ramos Saicali (CEO da Ame Digital, a fintech da empresa), José Timotheo de Barros (VP de Lojas Físicas, Logística e Tecnologia) e Márcio Cruz Meirelles (VP de Digital, Consumo e Marketing), além dos executivos Fábio de Silva Abrate, Flávia Carneiro (Superintendente de Controladoria) e Marcelo da Silva Nunes, vão deixar suas funções e atividades na companhia e suas controladas.
“Várias medidas foram implementadas com o objetivo de garantir a integridade da preservação de informações e documentos da Companhia, tudo com o objetivo de contribuir plenamente com as apurações em curso e autoridades envolvidas”, diz a Americanas no fato relevante.
Sobre o afastamento dos diretores e executivos, a companhia destacou que isso não representa “qualquer antecipação de juízo”, fazendo referência às apurações do rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões, revelado no dia 11 de janeiro, ou seja, há 23 dias.
A permanência de diretores e executivos que trabalharam na Americanas nos últimos anos vinha sendo alvo de questionamentos de investidores, diante da suspeita de fraude e da avaliação de que haveria risco à preservação de documentos que pudessem justamente ajudar nas investigações.
Em outro fato relevante, a varejista também negou negociação para a venda da Natural da Terra, rede de hortifruti adquirida em 2021, como especulam alguns analistas.
As ações da empresa caíram hoje 2,98% e fecharam cotadas a R$ 1,63, com desvalorização acumulada de 82,11% neste ano.
Os acionistas de referência da empresa varejista, formada pelo trio de bilionários da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, indicaram nesta semana a intenção de colocar pelo menos R$ 1 bilhão na operação por meio de um empréstimo para manter as atividades do grupo.
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