Bloomberg Línea — O colapso da Americanas (AMER3), em recuperação judicial, abriu oportunidades para investidores já acostumados a apostar nos “patinhos feios” do mercado. É o caso da Truxt Investimentos.
Durante evento do Credit Suisse nesta quarta-feira (1º), em São Paulo, Bruno Garcia, CIO (head de investimentos) da Truxt, disse que comprou recentemente dívida distressed da varejista a R$ 0,13. Segundo ele, é um patamar de preço interessante para “colocar um pezinho”.
“A [posição] representa uma fatia muito pequena do fundo; é uma forma de exercitar nossa capacidade de geração de alfa [acima da média de mercado]”, contou durante painel.
Não é a primeira vez que a casa aposta em ativos desacreditados pelo mercado. No ano passado, a Truxt investiu na dívida argentina a R$ 0,19 e, durante a pandemia de covid-19, em bonds de companhias aéreas que eram negociados a valores descontados – ambos se pagaram, disse Garcia.
Carlos Eduardo Rocha, o Duda, CIO da Occam Brasil, também participou do painel. Segundo ele, o evento da Americanas foi isolado, ganhando forte destaque pelo fato de os controladores da companhia serem muito ligados ao mercado financeiro e vistos como “chancela de proteção”.
Uma visão mais pessimista com o setor de varejo, contudo, fez com que a Occam pegasse carona na queda das ações da varejista, que acumulam perdas da ordem de 80% desde 11 de janeiro.
Na ocasião, quando a Americanas divulgou fato relevante sobre as “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões, a Occam tinha posição vendida (aposta na queda) em AMER3, dada a visão pessimista da casa com o setor de varejo.
Isso porque o cenário de juros e inflação elevados tende a pesar sobre essas companhias mais sensíveis à atividade econômica, destacou.
Commodities
Durante o painel, ambos os gestores disseram estar otimistas com algumas commodities, caso do petróleo.
Com a avaliação de que papéis de valor tendem a se destacar em relação aos de crescimento, Duda tem aproveitado as oportunidades geradas pela reabertura da China para apostar no petróleo e em metais na Europa.
Com relação à Vale (VALE3), Duda afirmou que é necessário cuidado com o mercado de minério de ferro, dado que o patamar mudou, voltando a ficar acima de US$ 100.
Ele disse, contudo, que a companhia possui um trigger [gatilho] positivo: o excesso de geração de caixa. “A companhia está recomprando ações agressivamente. Agora, mais do que nunca, ‘cash is king’ e empresas queimando caixa vão ficar em apuros”, disse.
Já Garcia disse que a Truxt está comprada em ações de companhias ligadas ao petróleo, mas vendida em Vale, dada a relação entre risco e retorno.
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