Copom mantém Selic em 13,75% ao ano e diz que pode ajustar passos futuros

Banco Central decidiu pela manutenção da taxa básica de juros pela quarta reunião consecutiva, em momento de aumento das expectativas de inflação futura

Temores sobre inflação cresceram desde que Lula questionou a autonomia do Banco Central, há duas semanas
01 de Fevereiro, 2023 | 06:39 PM

Bloomberg Línea — O Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano pela quarta reunião consecutiva, em sua primeira reunião sob o governo de Luiz Inácio Lula de Silva. A expectativa de manutenção já estava precificada na curva de juros e era unânime entre analistas.

De acordo com o comunicado divulgado neste fim de tarde de quarta-feira (1º de fevereiro), o comitê “enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

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“Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação.”

Segundo o texto, “a conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”.

O grupo liderado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, enfatizou que riscos inflacionários permanecem em “ambas as direções”.

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“Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”

Antes da pausa no aumento dos juros, feita pela primeira vez em agosto, a taxa básica havia sido elevada por 12 encontros seguidos do Copom, passando de 2% ao ano no começo de 2021 para 13,75% – este, o maior patamar desde o fim de 2016.

Analistas do mercado financeiro esperavam que o comunicado refletisse a desancoragem das expectativas decorrentes dos receios renovados sobre a política fiscal diante do aumento de gastos pelo novo governo, além da defesa da elevação da meta de inflação.

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Os temores cresceram desde que Lula questionou a autonomia do Banco Central e sugeriu uma meta de inflação mais alta, em entrevista à Globonews há cerca de duas semanas.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.