Bloomberg Línea — O Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano pela quarta reunião consecutiva, em sua primeira reunião sob o governo de Luiz Inácio Lula de Silva. A expectativa de manutenção já estava precificada na curva de juros e era unânime entre analistas.
De acordo com o comunicado divulgado neste fim de tarde de quarta-feira (1º de fevereiro), o comitê “enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
“Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação.”
Segundo o texto, “a conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”.
O grupo liderado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, enfatizou que riscos inflacionários permanecem em “ambas as direções”.
“Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”
Antes da pausa no aumento dos juros, feita pela primeira vez em agosto, a taxa básica havia sido elevada por 12 encontros seguidos do Copom, passando de 2% ao ano no começo de 2021 para 13,75% – este, o maior patamar desde o fim de 2016.
Analistas do mercado financeiro esperavam que o comunicado refletisse a desancoragem das expectativas decorrentes dos receios renovados sobre a política fiscal diante do aumento de gastos pelo novo governo, além da defesa da elevação da meta de inflação.
Os temores cresceram desde que Lula questionou a autonomia do Banco Central e sugeriu uma meta de inflação mais alta, em entrevista à Globonews há cerca de duas semanas.
Leia também
Lula cria ‘ruído desnecessário’ ao criticar autonomia do BC, diz Meirelles
Americanas estuda empréstimo de R$ 1 bi com Lemann para manter operação