Exxon tem lucro recorde, mas ações recuam e expõem desafio de petrolíferas

Gigante americana tem ganho inédito de US$ 59 bi em 2022, mas decepciona investidores ao não anunciar aumentos no programa de recompras de ações

Preços de combustíveis dispararam em 2022 e isso ajudou a impulsionar as receitas da Exxon (David Paul Morris/Bloomberg)
Por Kevin Crowley
31 de Janeiro, 2023 | 11:58 AM

Bloomberg — A Exxon Mobil (XOM) obteve um lucro anual recorde de US$ 59 bilhões em 2022, mas decepcionou alguns investidores ao manter a linha nas recompras de ações.

O lucro do ano passado inteiro, excluindo itens não recorrentes, saltou 157% em relação a 2021 na esteira da escalada das cotações de petróleo, superando em muito o recorde anterior de US$ 45,2 bilhões em 2008, que na época marcou o maior ganho na história corporativa dos EUA.

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Apesar do lucro recorde, as ações inicialmente caíram quase 4% nas negociações antes da abertura dos Estados Unidos antes de recuperar a maior parte dessas perdas nesta terça-feira (31). No pregão na Bolsa de Nova York, a queda era de cerca de 2% perto do meio-dia (horário de Brasília).

Os analistas observaram que o comunicado da empresa carecia de qualquer anúncio de planos para canalizar mais desse lucro inesperado para recompras adicionais de ações.

Os resultados da Exxon nesta terça-feira pela manhã seguiram os da rival americana Chevron (CVX), que registrou ganhos que ficaram abaixo das estimativas de forma surpreendente na semana passada, poucos dias depois de anunciar um gigantesco programa de recompra de ações de US$ 75 bilhões.

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As chamadas super majors estão nadando em dinheiro após um recorde de ganhos em 2022, mas a pressão está aumentando nas equipes executivas para satisfazer demandas concorrentes: o apetite dos investidores por pagamentos e programas de recompras de ações maiores versus a indignação política com lucros inesperados durante um período de guerra e turbulência econômica.

Exxon atinge o maior lucro anual de sua história com alta dos preços do petróleo (no gráfico, a evolução desde 2000)

A Chevron foi criticada pela Casa Branca e por membros democratas do Congresso quando divulgou planos na semana passada para canalizar US$ 75 bilhões para investidores na forma de recompra de ações.

A Exxon expandiu as recompras várias vezes no ano passado e já sinalizou sua intenção de recomprar US$ 50 bilhões em ações até 2024. É provável que o CEO Darren Woods seja questionado sobre se a Exxon pode aumentar o ritmo das recompras novamente na teleconferência com analistas.

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Também há sinais de que Wall Street, após um longo hiato, está mais uma vez ansioso para ver as petrolíferas estão aumentando a produção de petróleo. Os executivos da Chevron enfrentaram várias perguntas sobre os planos de crescimento na semana passada, e vários analistas observaram sua decepção com a perspectiva da empresa sediada na Califórnia de um aumento de 3% neste ano.

Dito isso, a Exxon tem menos motivos para se preocupar quando se trata de crescimento do que alguns de seus pares. A empresa tem uma “fila diferenciada de projetos upstream” que deve aumentar o retorno sobre o capital nos próximos anos, escreveu o Goldman Sachs em relatório de 20 de janeiro.

A Exxon superou as expectativas pela nona vez em 10 trimestres, registrando lucro ajustado no quarto trimestre de US$ 3,40 por ação, 10 centavos a mais do que a estimativa mediana dos analistas consultados pela Bloomberg.

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A gigante do petróleo do Texas continuou investindo em grandes projetos na Guiana e na região do Permiano durante a pandemia, o que, segundo estimativas da própria Exxon, deve ter o efeito indireto de levar a produção ao equivalente a mais de 4 milhões de barris por dia até 2027, com crescimento de cerca de 8% em relação aos níveis atuais.

Juntamente com o crescimento dos combustíveis fósseis, a Exxon planeja aumentar os investimentos em energia limpa, concentrando-se na captura de carbono, em hidrogênio e biocombustíveis.

A empresa citou a Lei de Redução da Inflação do governo Biden como um pilar político fundamental que melhora a lucratividade da descarbonização das operações existentes, mas disse que é necessário mais apoio do governo para grandes projetos, como sua proposta de capturar emissões de instalações industriais ao longo do Houston Ship Channel.

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