Bloomberg Línea — O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o Mercosul se fortaleça enquanto bloco econômico para negociar com os demais países do mundo. Haddad disse que o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, com quem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou nos últimos dias, quer “o melhor dos dois mundos” para negociar livremente com a China e fazer parte do bloco sul-americano.
Haddad disse que “é difícil querer fazer o acordo de livre comércio com a China e estar no Mercosul”. A declaração foi dada em agenda do ministro com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na manhã desta segunda-feira (30).
“O Mercosul tem uma tarifa externa comum, eu defendo muito o fortalecimento do Mercosul. Acho que dentro do Mercosul temos que ter uma zona de livre comércio e superar barreiras internas, trazer gente para dentro, aprovar a Bolívia. Não vejo razão para adotar outro caminho pelo tamanho da nossa economia, que é grande [em relação à América Latina], mas não é [em relação à China e Estados Unidos]”, afirmou.
O novo governo tem estreitado os laços com os países vizinhos. Na semana passada, o Ministério da Fazenda anunciou que se dedicará a estudos para assegurar linhas de créditos de bancos privados e públicos nas operações de importação argentinas de produtos brasileiros, apoiando bancos privados brasileiros para financiar a exportação para Argentina, que passa por restrições cambiais. Os estudos passam pela criação de uma nova moeda para comércio entre os países, que não substituirá as moedas nacionais – real e peso – e não se enquadra no modelo do euro, segundo comunicado do governo.
Também na reunião, Haddad disse ainda que a reforma tributária será feita em duas etapas no país, em cada semestre. O ministro evitou comentar a política de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento), e disse que o presidente Aloízio Mercadante está preparando uma discussão interna.
“Acho que ele vai fazer um balanço do que foi a atuação do banco nesses anos todos”, disse, acrescentando que isso será considerado para estabelecer uma política de crédito para reindustrialização do Brasil.
Haddad também avaliou que o mercado de capitais avançou e que no governo Lula o Brasil “viu muitas ofertas públicas iniciais”. Disse ainda que para existir mobilidade social no país, há a necessidade de educação e crédito.
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