Americanas é alvo de ação de despejo em shopping em SP por falta de pagamento

Dívida é de R$ 67 mil com shopping em Santa Bárbara D’Oeste, no interior paulista; grupo varejista alega que compromissos entram na esfera da recuperação judicial

Americanas sofre ação de despejo por falta de pagamento à administradora de shopping center no interior de São Paulo
30 de Janeiro, 2023 | 05:18 PM
Últimas cotações

Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3), que está em recuperação judicial, virou alvo de uma ação de despejo em um causa no valor de R$ 67.606,20 na Justiça de São Paulo, segundo documento judicial visto pela Bloomberg Línea.

O processo movido pelo Condomínio Tivoli Shopping Center na 3ª Vara Cível de Santa Bárbara D’Oeste, no interior de São Paulo, é de “despejo por falta de pagamento”.

PUBLICIDADE

O Tivoli Shopping é administrado pela AD Shopping, considerada a maior administradora de shopping centers do país com capital fechado, com 42 empreendimentos tanto em capitais quanto no interior. O portfólio inclui, por exemplo, os shoppings Metrô Tatuapé e Penha, ambos na zona leste na capital paulista. Em resposta ao pedido de comentário da Bloomberg Línea, a companhia disse que “não comenta sobre questões contratuais relacionadas aos seus empreendimentos”.

O tradicional grupo varejista entrou em recuperação judicial na 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro no último dia 19 de janeiro, declarando na ocasião dívida de R$ 43 bilhões, após a descoberta de “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões.

Na semana passada, a Americanas divulgou novo valor de R$ 41,2 bilhões em dívidas com 7.720 credores.

PUBLICIDADE

Com cerca de 2.400 lojas físicas espalhadas pelo Brasil, a Americanas ocupa espaços nobres em muitos shopping centers no papel de loja-âncora.

Entre os maiores débitos da Americanas com shopping center citados na lista de credores enviada à Justiça fluminense, estão Pantanal (R$ 2,589 milhões), Iguatemi (R$ 742 mil), Center Shopping Rio (R$ 619,5 mil), Plaza Sul (R$ 582 mil), ABC (R$ 660,4 mil), entre outros.

@bloomberglineabrasil

Respondendo a @sarita_cat A Americanas divulgou uma lista com os credores da empresa, mas alguns bancos contestaram os valores #americanas #bancos #mercado

♬ som original - Loop

O que disse a Americanas

Em nota enviada à Bloomberg Línea, a Americanas disse que “os valores de aluguéis vencidos e não pagos até a data do pedido da Recuperação Judicial constituem dívidas que seguirão as exigências do processo, que a impede de efetuar pagamentos cujo evento de origem seja anterior ao início do pedido realizado”.

PUBLICIDADE

A empresa acrescentou que vai ainda negociar com seus credores. “Para eventos posteriores ao início da recuperação, a operação da companhia segue em regime de normalidade. A Americanas reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores”, disse a varejista.

Impacto do atraso

A falta de pagamentos do aluguel pela Americanas não deve representar um pressão significativa para o faturamento das operadoras de shopping center, avaliou a agência de classificação de risco Fitch Ratings em relatório.

“Os shoppings brasileiros têm um risco reduzido de exposição a lojistas individuais, dada a natureza fragmentada de sua base de clientes. Os 10 maiores inquilinos geralmente representam menos de 20% do base anual dos aluguéis”, apontou a agência de rating.

PUBLICIDADE

Segundo a Fitch, os aluguéis representam aproximadamente de 70% a 75% da receita das empresas de shoppings, sendo o restante composto principalmente por estacionamento e serviços.

“As métricas operacionais e de crédito das empresas não seriam afetadas materialmente se a Americanas não fosse capaz de arcar com as obrigações de aluguel”, avaliou a Fitch.

Na B3, as ações das operadoras de shopping center com capital aberto mostram que a crise da Americanas não fez ainda preço. Os papéis da Aliansce Sonae (ALSO3), que acertou fusão recentemente com a brMalls (BRML3), acumulam alta de 6,47%, enquanto as ações da Multiplan (MULT3) sobem 5,48%, e as units do Iguatemi (IGTI11), 1,51%, abaixo do Ibovespa (+2,90%) no mês até a última sexta-feira (27).

No segmento de fundos imobiliários, a situação é diferente.

Administrado pelo BTG Pactual (BPAC11), o LVBI11, um fundo logístico com mais de R$ 1,5 bilhão de patrimônio líquido, é afetado pela inadimplência da Americanas, pois o portfólio do fundo inclui 70% do capital da empresa Aratulog Armazenagem, que tem a Americanas como locatária de seus galpões em Salvador, na Bahia. A cota do fundo acumula desvalorização de 8,86% neste mês.

Segundo o analista Danilo Barbosa, diretor de research do Clube FII, a lista dos maiores valores em FIIs que a Americanas deve dinheiro inclui ainda o CSHG Logística (HGLG11), com R$ 5,4 milhões, o Vinci Shopping Centers (VISC11), com R$ 4,2 milhões, o Hedge Brasil Shopping (HGBS11), com R$ 1,5 milhão, o XP LOG FII (XPLG11), com R$ 850 milhões, o Shopping Parque Dom Pedro (PQDP11 & SHDP11B & HPDP11), com R$ 737 mil. além do Bresco Logística (BRCO11), com R$ 667 mil, o XP Malls FII (XPML11), com R$ 670 mil, o ANCAR IC (ANCR11), com R$ 619 mil, e o FII Max Retail (MAXR11), com R$ 514 mil.

Leia também

Natura pode vender fatia da Aesop para LVMH ou L’Oreal, dizem fontes; ação dispara

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.