Risco-país na América Latina: quais são os países mais arriscados para investir

A Venezuela detém a liderança entre os títulos mais arriscados, mas a Argentina e El Salvador também são de alto risco; confira ranking

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Bloomberg Línea — Os títulos soberanos latino-americanos melhoraram seu desempenho no último trimestre de 2022 e, como resultado, o risco-país de alguns dos governos mais comprometidos começou a diminuir, embora seja possível observar alguns números muito negativos em alguns casos.

A pior classificação fica com a Venezuela que, de acordo com o Índice de Títulos de Mercados Emergentes (EMBI) do JPMorgan (JPM), tem um risco-país de 43.309 pontos. Os dados são do dia 23 de janeiro.

No entanto, o governo liderado por Nicolás Maduro não é o único com números proibitivos se tentar buscar financiamento nos mercados internacionais: a Argentina e El Salvador também têm um prêmio de risco que parece indicar que os investidores esperam uma reestruturação a médio e longo prazo.

O JPMorgan calcula seu EMBI em relação ao preço dos títulos soberanos dos países.

Venezuela

O risco-país da Venezuela é tão alto que é até mesmo difícil traçá-lo e compará-lo com o do resto dos países da região, pois ele ultrapassa as escalas. O país entrou em default pela última vez em 2017 e ainda não saiu da situação.

Argentina

A Argentina reestruturou sua dívida com o FMI em agosto de 2020, mas desde então seus títulos começaram a cair, chegando a menos de US$ 20. Mas em outubro do ano passado, impulsionados por um clima financeiro mais favorável aos mercados emergentes, eles começaram a se recuperar, ao ponto de o Global 2030 da Argentina (o mais emblemático) ultrapassar os US$ 31.

Mesmo com o aumento, o risco-país da Argentina está um pouco abaixo de 2.000 pontos, o que o torna o segundo país latino-americano com o maior risco soberano depois da Venezuela. Vendo pelo lado bom, o valor está bem longe das máximas de 2022, quando atingiu 3.000 pontos.

El Salvador

Em 2022 houve momentos em que El Salvador teve um risco-país maior do que a Argentina, mas depois se consolidou em terceiro lugar, com cerca de 1.600 pontos.

Um título de El Salvador de 2027, com um cupom de 6,375%, está abaixo de US$ 52.

Assim como a Argentina, a dívida de El Salvador tem uma classificação de CCC+ pela S&P Global, o que implica um risco substancial.

Equador

O quarto e último país cujo risco ultrapassa 1.000 pontos é o Equador, que está em 1.056 unidades.

O Equador reestruturou sua dívida quase que ao mesmo tempo que a Argentina, mas o curso de seus títulos tem sido muito diferente. Um relatório da corretora argentina Aurum Valores atribui esta diferença à divergência gerada entre ambas as dívidas devido às eleições do Equador, que apresentou uma opção pró-mercado com o presidente Guillermo Lasso.

É assim que a Aurum Valores explica a posição do Equador:

“No Equador, quando Lasso saiu vencedor nas urnas, o título de 2030, que vinha se comportando de forma semelhante ao título argentino (para compará-lo usamos a base 100 no início de 2021 porque operam com paridades diferentes produto da estrutura dos cupons de cada título), disparou, gerando uma diferença que nunca se recuperou. Com sua recuperação (assumindo, por exemplo, a resposta do mercado a uma eleição entre candidatos orientados para o centro e com foco na resolução dos desequilíbrios gerados) a revisão para cima seria de 45%”.

Risco-país no restante da América Latina

De acordo com dados publicados pelo Banco Central da República Dominicana, com base em informações do JPMorgan, o EMBI médio da América Latina está praticamente nos mesmos níveis do EMBI global (413 e 390).

A dívida soberana da região beneficiou-se de uma mudança para este tipo de títulos, algo que pode ser notoriamente visto nas quedas de rendimento da Argentina e El Salvador, que, como mencionado, ficou em cerca de 3.000 pontos em momentos do ano passado.

Confira o risco-país no resto da América Latina:

  • Bolívia: 664 pontos
  • Honduras: 582
  • República Dominicana: 390
  • Colômbia: 377
  • México: 373
  • Costa Rica: 369
  • Brasil: 262
  • Guatemala: 255
  • Paraguai: 233
  • Peru: 225
  • Panamá: 205
  • Chile: 160
  • Uruguai: 111

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