Agenda da semana tem decisões de Fed e Copom e outros temas quentes do mercado

Veja quais são os eventos esperados para a semana que começa e que devem movimentar as Bolsas e os ativos no Brasil e no mundo

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Bloomberg — A semana que começa terá eventos importantes, a começar com as decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana e deve manter a Selic está em sua decisão na próxima quarta-feira (1º), de acordo com a estimativa de analistas do mercado financeiro.

O mercado também ficará atento a eventuais menções aos riscos fiscais e à meta de inflação no comunicado do Banco Central.

Já nos Estados Unidos, a expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) deve desacelerar ritmo de alta de juros para 0,25 ponto porcentual (ante 0,5 ponto nas últimas reuniões), enquanto investidores avaliam possíveis sinais sobre a extensão do aperto monetário.

Além disso, o mercado também deve influenciado por outros acontecimentos, como a decisão de política monetária do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra, da divulgação do relatório de empregos dos EUA e a publicação de balanços de gigantes da tecnologia.

No Brasil, agenda ainda traz definição da Ptax, o relatório da Vale e o balanço do Santander Brasil, além de eleições no Congresso.

Veja os destaques da agenda da semana:

1) Primeiro Copom sob Lula

Expectativa unânime dos analistas é de que a Selic será mantida em 13,75% na primeira decisão do Copom após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A dúvida é como e se o BC reagirá, no comunicado, a eventos recentes protagonizados pelo governo.

“Nossa leitura é de que o esforço de Haddad para compensar o maior gasto da PEC de Transição é um sinal de responsabilidade fiscal e de alinhamento com a política monetária — e esperamos que isso reduza, ao menos em parte, o tom negativo do BC neste tema”, diz Adriana Dupita, da Bloomberg Economics.

Porém, ela nota que a disparada das expectativas de inflação mais longas — em grande medida pelos comentários do presidente Lula sobre a meta — provavelmente exigirá do BC algum comentário. Indicadores da semana incluem IGP-M — com estimativa de desaceleração —, resultado fiscal, produção industrial e balança comercial.

2) Ptax e Tesouro

O mercado define a Ptax do câmbio em 31 de janeiro, em meio à baixa do dólar nesta semana pelos juros altos que tornam o carrego do real mais vantajoso e, também, pelo cenário externo mais favorável aos emergentes. O real teve o maior ganho entre as moedas de países em desenvolvimento na semana que passou.

O mercado ainda mantém no radar leilões do Tesouro, que ofertou elevado volume de LTN, mas que teve boa demanda nesta semana. Os analistas veem o Tesouro privilegiando a colocação de LFTs em meio ao risco fiscal. O PAF previu dívida atrelada à Selic entre 38% e 42% do total, à inflação entre 29% e 33% e prefixados entre 23% e 27%.

3) Fed, BCE e payroll

Fed anuncia decisão na quarta-feira (1º) e a expectativa é de que reduza o ritmo de alta da taxa de juros para 0,25 ponto percentual após dados mais brandos de inflação. O mercado buscará no comunicado e na entrevista de Jerome Powell sinais sobre o quanto mais de aperto será necessário.

Além do Fomc, semana contará com outros itens com capacidade de gerar volatilidade. BCE e Banco da Inglaterra se reúnem na quinta-feira e a temporada de balanços inclui resultados da Amazon, Apple e Alphabet.

A semana terminará na sexta-feira com o payroll de janeiro, que tem estimativa de desaceleração para 185.000.

4) Eleições no Congresso

O Congresso volta ao recesso na próxima semana e elege os novos presidentes da duas casas legislativas. Na Câmara, o atual presidente Arthur Lira é amplo favorito para se reeleger em 1º de fevereiro, mas, sem o orçamento secreto, o objetivo é vencer com votação expressiva para fortalecer o centrão nas negociações com o governo, disse o jornal O Estado de S. Paulo.

Lula se reuniu com Rodrigo Pacheco e o PT oficializou apoio à reeleição do senador como presidente do Senado, segundo o jornal. Pacheco concorre com Eduardo Girão (Podemos-CE) e Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Jair Bolsonaro.

5) Vale e Santander

Depois do pontapé inicial da Cielo, a safra de balanços do quarto trimestre de 2022 destaca o resultado do Santander Brasil, no dia 2 de fevereiro. No dia 31 de janeiro, a Vale divulga seu relatório com os dados de produção e vendas do trimestre passado.

A mineradora, assim como a auditoria alemã Tüv Süd e 15 funcionários das empresas se tornaram recentemente réus pelo desastre de Brumadinho, onde 270 pessoas morreram há 4 anos. O balanço completo da Vale sai em 16 de fevereiro.

-- Com a colaboração de Felipe Saturnino e Fernando Travaglini.

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