O pior já passou? Tesla tem o maior rali semanal desde 2013, com alta de 33%

Papéis da montadora de carros elétricos liderada por Elon Musk tiveram uma forte valorização em janeiro, compensando parte da perda de 65% em 2022

Papéis têm recuperação após tombo do ano passado
Por Esha Dey
28 de Janeiro, 2023 | 10:37 AM

Bloomberg — Depois de perderem 65% do valor em 2022, as ações da Tesla (TSLA) têm passado por uma recuperação em janeiro. Na última semana, os papéis da montadora de carros elétricos tiveram o maior rali semanal desde 2013, oferecendo aos investidores do mercado financeiro uma esperança de que o pior pode finalmente ter passado para a fabricante de veículos elétricos de Elon Musk após um desastroso 2022.

As ações subiram 33% na semana que passou, a maior alta desde um aumento de 41% em maio de 2013. Na sexta-feira (27), as ações fecharam em alta de 11%, a US$ 177,88, a maior alta diária desde 9 de dezembro, marcando um aumento de 65% em relação à mínima de fechamento de 3 de janeiro, de US$ 108,10.

“A Tesla definitivamente chegou ao fundo do poço – as pessoas apenas pensaram que as ações estavam com preços exagerados”, disse Catherine Faddis, gerente sênior de portfólio da Fernwood Investment Management. “Agora que teve o salto, o próximo passo será mais baseado nos fundamentos.”

Não foi fácil recuperar parte do valor. Foram necessários resultados trimestrais melhores do que o esperado, palavras de garantia de Musk e um compromisso de crédito de US$ 5 bilhões para ajudar a afastar a melancolia do ano passado.

PUBLICIDADE

Um grande obstáculo virá nesta próxima semana, quando o Federal Reserve (Fed) deverá aumentar as taxas de juros e dará uma ideia do caminho a seguir para futuras altas. Um maior aperto moenetário pode atrapalhar o forte início de ano da Tesla.

Os operadores de derivativos não parecem preocupados. O custo das opções que protegem contra uma queda de 10% nas ações no próximo mês em relação a apostas de ganhos da mesma magnitude é o menor desde agosto, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Vendas resilientes

Os resultados trimestrais de quarta-feira e a teleconferência de Musk forneceram aos investidores a clareza necessária sobre a estratégia da empresa. O líder da Tesla minimizou as preocupações com a demanda de clientes pelos veículos da empresa, dizendo que os pedidos estão chegando quase o dobro da taxa de produção desde que a fabricante de veículos elétricos reduziu os preços há duas semanas.

Valor da Tesla ainda reflete os múltiplos das empresas do Nasdaq 100

“Embora acreditemos que essa taxa de pedidos não seja sustentada devido ao fraco ambiente macroeconômico, isso sugere que a empresa está seguindo bem nossa estimativa de entrega de 1,8 milhão”, escreveu Mark Delaney, analista do Goldman Sachs, em um comentário quinta-feira (26). Mais importante, o aumento dos pedidos sugere que qualquer desconto adicional neste ano pode ser mais medido do que o esperado anteriormente, acrescentou.

Ainda assim, o caminho está longo de ser fácil, principalmente porque o número de concorrentes continua crescendo.

“O mercado de EVs (veículos elétricos) tinha poucos concorrentes verdadeiros até poucos anos atrás”, disse Zeno Mercer, analista de pesquisa da ROBO Global, cujo ETF de inteligência artificial detém a Tesla. Com base em sua relação preço/lucro, a ação é muito mais cara do que seus pares, então a empresa “deve ter um desempenho mais alto para continuar a ver ganhos de ações”, disse ele.

Embora os múltiplos de avaliação da Tesla tenham caído em relação aos anos anteriores, eles estão subindo novamente e estão acima da média do Nasdaq 100 Index, que inclui empresas de tecnologia. A comparação com empresas automobilísticas estabelecidas, como a General Motors e a Ford Motor, é ainda mais rígida.

PUBLICIDADE

E depois há o efeito Musk. Como o ano passado mostrou, o líder inconstante da Tesla pode ser uma benção e uma maldição para a empresa. Isso faz com que até mesmo alguns touros de longo prazo tenham medo de chamar um fundo.

“Com a Tesla, há também o risco de fundo sempre presente de fatores idiossincráticos e relacionados ao sentimento ‘específicos da empresa’ que podem estimular a volatilidade”, disse Adam Jonas, analista do Morgan Stanley, que tem a Tesla como sua principal escolha de automóveis nos EUA. “A estabilidade do preço das ações parece ser o resultado menos provável aqui.”

-- Com colaboração de Elena Popina.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Rali de cripto voltou? As histórias (e as lições) de quem perdeu quase tudo

Voluntariado, família e imersão em tech: o sabático de executivos da Faria Lima

Hora de reduzir o aperto? Fed não deve sinalizar próximos passos, diz Summers