Bloomberg — A LVMH disse que está se juntando à recuperação da indústria de luxo de uma desaceleração no final do ano passado, destacando a demanda resiliente por moda de alta qualidade.
O desempenho da dona da Louis Vuitton na China “se recuperou muito significativamente” em janeiro, disse o diretor financeiro Jean-Jacques Guiony depois que a empresa registrou um crescimento mais lento das vendas no quarto trimestre devido ao surto de covid na maior economia da Ásia.
“É difícil fazer uma tendência de três semanas”, disse ele em entrevista à Bloomberg TV nesta sexta-feira (27). “Mas podemos estar otimistas de que a China realmente virou a página na interrupção da pandemia”, continuou.
O padrão ecoa as tendências dos rivais Richemont, proprietário da Cartier, e Burberry. Ambos viram uma queda na demanda chinesa no final de 2022, mas disseram que as vendas se recuperaram neste mês.
A principal divisão de moda e artigos de couro da LVMH viu as vendas orgânicas aumentarem 10% nos últimos três meses do ano passado, informou a empresa na quinta-feira (26). É o ritmo mais lento do ano, mas ainda acima das estimativas dos analistas.
As ações da LVMH acumulam alta de 17% até agora este ano.
O bilionário Bernard Arnault, diretor executivo da LVMH e o homem mais rico do mundo, disse que a empresa francesa está confiante em 2023, mas permanece “vigilante às incertezas atuais”.
A vaca leiteira do grupo, a Louis Vuitton, ultrapassou os 20 bilhões de euros (US$ 21,8 bilhões) em vendas no ano passado, enquanto a controladora registrou receita recorde.
Os resultados da LVMH foram descritos como “mistos” pelo analista do Citigroup, Thomas Chauvet, que destacou a falta de lucro operacional. Isso se deveu, em parte, aos maiores gastos com publicidade e promoções no segundo semestre.
“A reabertura da China é um divisor de águas em potencial”, disse o analista, acrescentando que há preocupações legítimas sobre uma desaceleração na demanda dos EUA.
Ainda assim, a LVMH até agora experimentou um crescimento sólido, apesar da alta da inflação e da desaceleração das economias, o que a torna a queridinha dos investidores.
O grupo de luxo recentemente se tornou a primeira empresa europeia a ultrapassar 400 bilhões de euros (cerca de US$ 435 bilhões de dólares) em valor de mercado, enquanto a riqueza de Arnault agora excede a dos gigantes da tecnologia Elon Musk e Jeff Bezos.
Embora a LVMH não divulgue os resultados da China, as vendas na Ásia, excluindo o Japão, caíram 8% no último trimestre. Isso contrasta com o crescimento de 22% na Europa, 29% no Japão e 7% nos Estados Unidos, segundo Guiony.
Arnault disse estar confiante de que as autoridades chinesas terão como objetivo impulsionar o crescimento econômico doméstico. “Se for esse o caso, e começou em janeiro, temos todos os motivos para estar confiantes” sobre o desempenho da LVMH lá, disse ele, observando que as tendências em Macau “foram incríveis” até agora este ano.
As vendas de produtos de alta qualidade para clientes chineses — os maiores gastadores do setor antes da covid-19 — foram limitadas por restrições relacionadas à pandemia durante grande parte do ano passado. Embora o fim abrupto das regras estritas da covid no início do mês passado inicialmente tenha levado a uma rápida disseminação do vírus que manteve os consumidores em casa, os investidores agora antecipam uma recuperação em forma de ‘V’.
Perspectivas de turismo
Guiony disse em uma teleconferência na quinta-feira (26) que, embora a LVMH esteja vendo taxas de crescimento significativas na China desde o início do ano, ele não espera um retorno de turistas chineses à Europa em grande número até 2024.
Ainda há capacidade limitada de companhias aéreas para o continente e os voos são caros, o que significa que o retorno dos pacotes turísticos ainda está distante, ele previu.
Os clientes chineses no país e no exterior representaram um terço do mercado de bens pessoais de luxo em 2019, mas encolheram entre 17% e 19% no ano passado, segundo a Bain & Co.
-- Com a colaboração de Caroline Connan e Ana Edwards
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