Americanas: colapso deve impactar resultados de bancos já no quarto trimestre

Credores do grupo varejista, em recuperação judicial, devem aumentar provisões já nos balanços que começam a ser divulgados na próxima semana, segundo analistas

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Bloomberg Línea — O impacto negativo da recuperação judicial da Americanas (AMER3) na trajetória da inadimplência e das provisões para devedores duvidosos deve ser um dos principais pontos de atenção na safra de balanços dos maiores bancos do Brasil na B3 a partir da semana que vem, segundo analistas.

Entre os principais bancos credores do grupo varejista, estão Bradesco (R$ 4,8 bi), Santander Brasil (R$ 3,7 bi), BTG Pactual (R$ 3,5 bi), Itaú Unibanco (R$ 2,8 bi) e Banco do Brasil (R$ 1,4 bi). Eles terão de renegociar os débitos com a empresa nos próximos meses, mas, a julgar por recuperações judiciais anteriores, estarão sujeitos a descontos - haircut - sobre os valores das dívidas e alongamento das mesmas.

A crise financeira da Americanas, após a descoberta de um rombo contábil de R$ 20 bilhões, eclode em um momento em que os principais bancos começavam a sinalizar uma normalização dos índices de inadimplência após um aumento contínuo dos dados de atrasos desde o fim de 2021.

Quando os bancos divulgam resultados do 4º trimestre:

  • Santander (SANB11): 2 de fevereiro, antes da abertura da bolsa
  • Itaú Unibanco (ITUB4): 7 de fevereiro, após o encerramento do pregão
  • Bradesco (BBDC4): 9 de fevereiro, após o fechamento do mercado
  • BTG Pactual (BPAC11): 13 de fevereiro, antes da abertura da B3
  • Banco do Brasil (BBAS3): 13 de fevereiro, depois do fechamento do pregão
  • Nubank (NU): 14 de fevereiro, após o fechamento do mercado

Entre os analistas, há a expectativa de que a safra de balanços do quarto trimestre apresente uma deterioração da qualidade de crédito. Relatório do banco suíço UBS cita a recuperação judicial (RJ) da Americanas como fator para esperar a piora das métricas de inadimplência no setor bancário.

Até o final de 2022, os bancos destacavam que os atrasos nos vencimentos se concentravam em clientes de cartão de crédito e empresas de pequeno porte. Para o UBS, após a RJ da Americanas, a inadimplência deve aumentar no segmento “corporate”, das companhias de maior faturamento.

“A RJ da Americanas deve machucar os resultados dos bancos no curto prazo. Não será algo estrutural, mas é uma preocupação. Vamos buscar nas teleconferências saber em que momento eles vão provisionar e em que nível”, disse João Daronco, analista da Suno Research, à Bloomberg Línea.

Desaceleração

Os bancos Safra (R$ 2 bilhões) e Daycoval (R$ 600 milhões) já anunciaram que vão provisionar 50% sua exposição à dívida da Americanas, segundo relatório do BTG Pactual sobre a safra de balanços, indicando que os resultados do quarto trimestre já devem ser impactados pela crise da varejista.

Os analistas do BTG Pactual esperam que os quatro principais bancos do país façam uma provisão para a Americanas de 30%. Em relatório, eles recomendam as ações do Itaú e do BB, apesar da ressalva de que o mercado bancário mexicano oferece melhores oportunidades aos investidores.

A equipe de analistas do BTG apontou ainda outros fatores desfavoráveis para as perspectivas do setor bancário nacional, como a desaceleração da atividade econômica, o nível de endividamento das famílias, além das expectativas de inflação e juros em patamares elevados em 2023.

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