Bloomberg — A francesa Renault e a japonesa Nissan planejam renovar sua aliança de duas décadas com uma série de projetos industriais e um acordo para reequilibrar os laços de capital e melhorar uma parceria que se tornou tensa ao longo dos anos.
As montadoras pretendem trabalhar em cinco projetos inicialmente, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg. Um dos projetos envolve a Índia, onde as empresas operam uma fábrica em Chennai produzindo pequenos carros, motores e caixas de câmbio. Outra iniciativa está associada a veículos comerciais.
O desejo de novos acordos é parte do pacto tripartite, que inclui também a Mitsubishi Motor, e sinaliza que as empresas veem um futuro conjunto para a aliança, abalada após a prisão do ex-presidente Carlos Ghosn, em 2018.
Embora haja poucas indicações sobre o significado potencial desses projetos, a Renault-Nissan não pode se dar ao luxo de desperdiçar sinergias na transição para carros elétricos, um mercado cada vez mais competitivo.
Os principais executivos da aliança iniciaram uma reunião do conselho de administração nesta quinta-feira (26) buscando o reequilíbrio das participações cruzadas da Nissan e da Renault, além de discutir os novos projetos comuns, segundo as pessoas consultadas. Além disso, a Nissan também planeja investir na Ampere, o negócio de veículos elétricos da Renault, que teria apresentado 10 projetos para trabalho conjunto.
Os assessores de comunicação da Renault e da Nissan não quiseram comentar o tema.
Se tudo correr conforme o planejado, as empresas estão preparadas para avançar após meses de negociações tensas para reiniciar a aliança de 23 anos que incluiu fábricas conjuntas, compra de peças e - o que é importante - o desenvolvimento de bases comuns para uma gama de veículos para economizar custos.
Melhorar as colaborações existentes é crucial para que tanto a Nissan quanto a Renault possam acompanhar a concorrência da Tesla, da montadora chinesa BYD e de outros novos participantes do mercado de veículos elétricos.
O presidente da Renault Jean-Dominique Senard e o diretor-executivo Luca de Meo participam da reunião por videoconferência. Embora tivessem planejado inicialmente viajar ao Japão para o evento, o progresso nas negociações fez com que a viagem não fosse mais necessária, disseram duas pessoas.
Após a reunião dos parceiros, os conselhos de administração das empresas terão que aprovar o acordo, que levará a Renault reduzir sua participação na Nissan para 15% ao longo do tempo, a fim de eliminar os laços de capital desequilibrados que têm sido fonte de atrito há anos.
Um evento conjunto para apresentar detalhes do plano será realizado em Londres no dia 6 de fevereiro, segundo as fontes.
-- Com a assistência de Tsuyoshi Inajima.
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